Enquanto o clima é de carnaval por aqui, estréia nos Estados Unidos o filme mais polêmico dos últimos tempos. Até o presidente George W. Bush quer ver A Paixão de Cristo, com a versão de Mel Gibson para as últimas 12 horas na vida de Jesus, segundo o secretário de imprensa da Casa Blanca Scott McClellan. A mansão executiva dispõe de uma sala privada onde os mandatários podem assistir às estréias. Na quarta-feira de Cinzas, o filme entra em cartaz em 2,8 mil cinemas na América do Norte, com diálogos em latim e aramaico, a fita é altamente violenta, com cenas de espancamento de colocar à prova a resistência do espectador. A polêmica é se o filme coloca ou não os judeus como culpados pela crucificação de Cristo. O filme tem sido criticado tanto por líderes judeus, que temem que a produção desencadeie o anti-semitismo, quanto por por católicos moderados. Gibson dirigiu, financiou e co-escreveu o filme. Gastou US$ 30 milhões para fazê-lo e mais US$ 25 milhões para promover a fita, distribuída por uma empresa de pequeno porte chamada Newmarket Films. Nenhum grande estúdio quis compactuar com o projeto do diretor. Este é o primeiro filme que dirige desde Coração Valente, ganhador de dois Oscars em 1966. Gibson pertence a um grupo católico radical dos Estados Unidos que não aceita que o Vaticano lidere a Igreja Católica e que ainda assiste a missas rezadas em latim. O diretor tem feito concessões aos seus críticos e além de exibir o filme em sessões privadas, cortou a legenda de uma cena em que o sacerdote Caiafas diz que o sangue de Cristo vai estar para sempre nas mãos dos judeus. No Brasil, "A Paixão do Cristo" deve chegar aos cinemas em 26 de março.