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Craig defende o grotesco da versão norte-americana de Millennium

Por MIKE COLLETT-WHITE E CINDY MARTIN
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Quem mais vai sair ganhando com o novo filme "Millennium - Os homens que não Amavam as Mulheres" serão as babás. O ator Daniel Craig, que faz o papel do jornalista Mikael Blomkvist na adaptação de Hollywood do thriller do autor sueco Stieg Larsson (que no Brasil recebeu o nome de "Os Homens que não Amavam as Mulheres"), disse que o filme não refreava os golpes. "É um filme adulto", disse o ator em uma entrevista para a BBC, transmitida na terça-feira. "É um filme que obriga você a pagar uma babá. Babás farão muito dinheiro com ele, eu espero. Não leve as crianças (ao cinema)." "Millennium" estreia nos Estados Unidos em 21 de dezembro e na Grã-Bretanha no dia 26. A première em Londres será na noite de segunda-feira. O livro que inspirou o filme vendeu dezenas de milhões de cópias em todo o mundo e em 2009 foi levado para as telas do cinema por um cineasta sueco. Craig, de 43 anos, mais famoso por interpretar James Bond na franquia de espionagem britânica, disse que o roteirista Steven Zaillian capturou a essência da história de Larsson, convencendo-o a aceitar o papel. Ele também defendeu a natureza grotesca do filme, que fez com que a fita fosse censurada para menores de 17 anos devido ao que a Associação de Filmes da América chamou de "conteúdo violento e brutal, incluindo estupro e tortura, forte sexualidade, nudez chocante e linguajar". O filme é dirigido pelo norte-americano David Fincher, cujos créditos incluem "A Rede Social", "Zodíaco", "O Clube da Luta" e "Seven - Os Sete Crimes Capitais". "É um livro sobre política sexual, é um livro sobre violência contra as mulheres e eu não acho que David Fincher ou eu o teríamos feito se tivesse se contido nessas questões", disse Craig. "Ao mostrar isso e fazer com que o público se sinta desconfortável, o filme os força a entender os temas do livro... e está tratando de um problema... o de que assassinos em série são em sua maioria do sexo masculino e eles matam mulheres." "Millennium" segue Blomkvist quando ele se retira para uma ilha remota no norte da Suécia, onde é atraído para investigar o assassinato de uma jovem há 40 anos. Ele se lança a essa empreitada junto com Lisbeth Salander, uma punk solitária e tatuada que trabalha como detetive particular para uma empresa de segurança de alta tecnologia e que é interpretada por Rooney Mara. Questionada sobre a popularidade do seu personagem, Mara disse à Reuters no tapete vermelho da première: "Eu acho que todo mundo consegue se relacionar com aquele sentimento de ser mal interpretado ou um pária. Todo mundo, em algum ponto da vida, pode conhecer pessoas que estejam em uma posição de poder, e abusando desse poder, e eu acho que muita gente realmente quer vê-la saindo-se bem." A adaptação de Hollywood para "Os Homens que não Amavam as Mulheres" é o último exemplo de ficção de crime escandinavo transposta para o mundo de língua inglesa. Em 2008, o filme de vampiros sueco "Let the Right One In" ganhou aclamação internacional e foi refilmado em inglês dois anos depois. A série de detetive para a televisão sueca "Wallander" ganhou uma refilmagem da BBC com Kenneth Branagh no elenco, e a série de crimes dinamarquesa "The Killing" também se mostrou popular na Grã-Bretanha. Ao ser questionado sobre a popularidade crescente da ficção escandinava, Craig retrucou: "Eles são ótimos contadores de histórias. Quando você passa metade do ano na escuridão precisa encontrar algo para fazer, então todas essas boas histórias... estão surgindo, e elas se transformam em ótimos filmes e séries de televisão." (Reportagem de Mike Collett-White)

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