19 de maio de 2009 | 10h58
A grande atração desta terça-feira, 19, no Festival de Cannes, foi a exibição de "Los Abrazos Rotos", do premiado diretor Pedro Almodóvar. O filme dividiu críticos, entre os que o consideram digno de prêmio até os que asseguram que o espanhol está fora de forma.
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A película trata de um diretor que tem um apaixonado caso com sua atriz principal, em uma homenagem de Almodóvar a sua musa, a atriz Penélope Cruz, a protagonista. Selecionado entre os filmes que disputam a Palma de Ouro, "Abrazos Rotos" relembra alguns filmes noir e também comédias clássicas do passado.
"É uma das histórias mais profundas rodadas na Europa nos últimos anos", disse à Agência Efe um jornalista holandês. "Fiquei fascinado que, além de ter referências a outros diretores, desta vez ele tenha homenageado também a si mesmo. Há cenas que já são clássicas", completou.
Uma jornalista italiana, por outro lado, assegurou que "a construção do filme é genial". "Porém, não sei como funcionará com o público. Acho que, embora seja um filme muito sentido e muito vivido, talvez se incomodem um pouco", frisou.
Já um jornalista do britânico "Daily Mail", o mesmo que reprovou Lars Von Trier por "Anticristo", agradeceu o diretor espanhol por usar "provocação".
Cinema político
"Eu realmente acredito que o cinema pode fazer a vida mais perfeita", disse Almodóvar após a exibição para a imprensa, na qual o filme foi aplaudido.
Segundo Almodovar, o processo pelo qual Mateo passa no filme é similar ao que seu país, a Espanha, passou após o fim da ditadura de Francisco Franco e o retorno à democracia.
"Foi necessário esquecer o passado. Mas a Espanha é uma democracia hoje e as coisas mudaram muito. Agora é indispensável recuperar estas memórias ruins", disse o diretor.
Estilos diferentes
Penélope Cruz interpreta Lena, uma secretária e aspirante a atriz que termina o namoro com o chefe, Ernesto, e se envolve com Mateo Blanco, o diretor que descobre seu talento. Quando Mateo sofre um acidente e perde a visão, tenta se reinventar para esquecer a dores do passado.
De acordo com a atriz, interpretar uma atriz foi difícil e exigiu muito de suas habilidades. "Fazer um filme dentro de um filme não é fácil. É bem difícil", disse a vencedora do Oscar."No mesmo dia, eu tinha que mudar da personagem do filme para a personagem que ela estava interpretando".
Perguntada sobre as diferenças entre Almodóvar e Woody Allen, que a dirigiu em seu premiado trabalho "Vicky Cristina Barcelona", a atriz disse Almodóvar é mais perfeccionista. "Eles não poderiam ser mais diferentes. Woody não gosta de ensaiar muito. Prefere o improviso. Pedro é mais meticuloso".
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