PUBLICIDADE

Corte de patrocínios na BR gera apreensão

Uma das estatais que mais investem em cinema, a empresa reduziu a verba deste ano em 12% e está renegociando projetos

Por Agencia Estado
Atualização:

A BR-Distribuidora, subsidiária da Petrobrás e uma das estatais que mais investem em cultura, usando renúncia fiscal ou patrocínio direto, está renegociando os projetos para 2003 sem contrato assinado - os "apalavrados". A empresa reduziu sua verba deste ano em 12% (R$ 50 milhões contra R$ 56 milhões em 2002) e precisa reavaliar seus gastos, segundo informou o seu gerente de Comunicação e Marketing, Sérgio Bandeira de Mello. Ele garante que os contratos já assinados serão honrados e promete não cortar nenhum, mas rever os valores de todos. A medida, que causa protestos tímidos entre produtores culturais, é solenemente ignorada pela área oficial. O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Luiz Gushiken, não a comenta e, por intermédio de sua assessoria, lembra que, há cerca de um mês e meio, deixou claro que política cultural é com o Ministério da Cultura e que a BR, como sociedade anônima, tem autonomia para decidir suas verbas. O titular da pasta da Cultura, Gilberto Gil, também pela assessoria, esclarece que os patrocínios da BR são assunto interno da estatal. E a Petrobrás, empresa mãe da BR, faz coro com esse silêncio, alegando que as verbas de 2003 são decididas independentemente e que, só em 2004, todas as subsidiárias terão uma política de patrocínio comum, a ser divulgada a partir de julho. Bandeira de Mello explica que os R$ 50 milhões previstos para 2003 não cobrem todas as promessas de patrocínio, mas nega que a administração anterior da empresa tenha assumido compromissos em excesso. "A contabilidade da cultura não é uma ciência exata, pois as parcelas das verbas contratadas são liberadas à medida que os projetos se desenrolam, especialmente na área de cinema, em que a sua execução leva anos", explica, lembrando que 70% da verba da BR vai para o patrocínio do audiovisual. "O que fazemos é reavaliar cada item, para que ninguém fique prejudicado." Ele não sabe dizer quantos projetos estão em renegociação, nem quantos a empresa mantém. "São tantos, em estágios tão diversos, que não dá para citar uma cifra", justifica. O mercado cultural tem sofrido com a mudança de governo e com desvios observados nos quase oito anos de vigor das leis de incentivo à cultura. Mesmo produtores do Rio, que sempre ficaram com o maior bolo das verbas vindas da renúncia fiscal, encontram dificuldade para achar patrocinadores.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.