CORREÇÃO-Filme sobre Hunter S. Thompson foca obras do escritor
Quando o diretor premiado com o OscarAlex Gibney começou a rodar a história do jornalistanorte-americano Hunter S. Thompson em seu funeral, o momentofoi, segundo ele, "um dos maiores fracassos" na criação dodocumentário. "Ninguém queria falar, então apenas ficamos ali, com aequipe de câmera pedindo coisas do serviço de quarto. Foipatético", disse Gibney, recordando o funeral de Thompson, em2005, que custou estimados 2 milhões de dólares, pagos peloator Johnny Depp, e teve a presença de outros amigos famosos doescritor e jornalista, como o ator Bill Murray. "Para eles, era o funeral de Hunter, alguém de significadomuito pessoal", contou Gibney. "Eles não me conheciam. Ficarampensando 'quem é esse sujeito?'." Mas, contando com a ajuda eventual de Depp e do editor daVanity Fair, Graydon Carter, para ter acesso aos registros deThompson, Gibney conseguiu concluir "Gonzo: The Life and Workof Dr. Hunter S. Thompson", lançado nos Estados Unidos semanapassada. Hunter Thompson ficou famoso por desenvolver um estilo dejornalismo que ficou conhecido como "gonzo", relatado naprimeira pessoa e empregando técnicas de ficção, e também porseu consumo frequente de álcool, comprimidos e alucinógenos.Ele se matou com um tiro em sua casa no Colorado, aos 67 anos. As primeiras resenhas críticas elogiaram o filme, quecentraliza mais os escritos de Thompson e seu impacto sobre ojornalismo moderno que seus experimentos com drogas. "'Gonzo' traz uma abundância de imagens deliciosas dearquivo, tanto algumas que envolvem Thompson diretamente quandooutras que evocam a paisagem cultural que o cercava", disse aDaily Variety em sua resenha. IMPACTO POLÍTICO O documentário se debruça sobre as obras de Thompson,incluindo seu primeiro artigo para a revista The Nation sobre oclube de motociclistas Hells Angels e seus livros "Medo eDelírio em Las Vegas " e "Fear and Loathing on the CampaignTrail '72". Gibney recorreu a entrevistas com colegas de Thompson epessoas sobre as quais este escreveu, incluindo o candidatopresidencial George McGovern, derrotado na corrida presidencialde 1972, e o ilustrador britânico e colaborador de longa datade Thompson Ralph Steadman. "Ele (Thompson) encontrava maneiras invasivas eimprevisíveis de chegar à verdade", disse Gibney, 54 anos, querecebeu o Oscar de melhor documentário no ano passado por "Taxito the Dark Side". Gibney disse que não era fã obsessivo de Thompson. Mas nosanos 1970 leu "Medo e Delírio em Las Vegas" e achou que o livroretratava com precisão as experiências que ele próprio viveracom a contracultura. "O que não enxerguei no livro, na época, foram os temasmaiores sobre o caráter da América, a morte do sonho americanoe tudo isso", explicou. O documentário inclui imagens de filmes anteriores sobreThompson, incluindo "Where the Buffalo Roam", de Bill Murray, ea versão fictícia feita em 1998 de "Medo e Delírio em LasVegas", estrelada por Johnny Depp. O ator, aliás, narra o filmede Gibney em voz semelhante à de Thompson. "Johnny Depp tem uma empatia muito profunda com Hunter",disse Gibney, recordando que Depp passou algum tempo vivendocom Thompson e estudando-o, preparando-se para seu papel. Mas "Gonzo" não é mais um filme com celebridades queconheciam Hunter Thompson recordando anedotas sobre seu consumode drogas e álcool -- elas falam sobre o impacto político dojornalista e autor. "Todo o mundo tinha esquecido por que se interessara porele, para começar", disse Gibney. "Tinham esquecido que ele foium grande escritor e, especialmente, um grande escritorpolítico."