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Coreia do Sul e Ucrânia levantam o nível de Cannes

'Poetry' do coreano Lee Chang-dong e 'Schastye Moe' do ucraniano Sergei Loznitsa conquistam críticos

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Por Redação
Atualização:

CANNES (EFE) - Dois filmes muito diferentes entre si, o coreano Poetry de Lee Chang-dong, e o ucraniano Schastye Moe de Sergei Loznitsa, mas que têm em comum a honestidade, levantaram nesta quarta-feira, 19, o nível da competição no Festival de Cannes.

 

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Duas formas de afrontar a moralidade e a humanidade por meio de histórias complexas, mas narradas em ambos os casos de forma simples e com personagens que servem de fio condutor para mostrar o lado bom e o lado mau da socidade moderna.

 

No caso de Poetry, a beleza de suas imagens e a emocionante interpretação de Yun Junghee, fazem de uma história terrível um canto poético com o qual Lee quer "mostrar a poesia em um filme", segundo explicou na coletiva de imprensa.

 

"Apesar dos problemas e da maldade do mundo, sempre há algo maravilhoso" e o filme busca o lado positivo através do desejo da protagonista de escrever um poema. Poetry conta a história de Mija, uma mulher de 65 anos que cria sozinha seu neto e em sua vida solitária é otimista, feliz, curiosa e tem vontade de encontrar beleza em qualquer lugar.

 

Mas seu neto se vê implicado em um terrível acaso que muda sua vida completamente e tenta romper seu isolamento por meio da poesia.

 

Um personagem que a atriz Yun Junghee, uma lenda na Coreia do Sul, dota de uma inocência e expressividade que a colocam de imediato como forte candidata ao prêmio de melhor atriz em Cannes.

 

Yun, que volta ao cinema depois de dez anos recusando roteiros que não lhe agradavam, disse que sua personagem e ela se parecem muito, por isso foi muito fácil realizar o trabalho.

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"É realmente estranho. Lee e eu não nos conhecíamos bem, mas desde que recebi o roteiro vi que esta personagem é uma sonhadora como eu. Também inocente, um pouco fora das convenções da vida", explicou a atriz.

 

O filme de Lee, que já esteve em Cannes em 2007 com "Secret Sunhine" e que em 2002 ganhou com "Oasis" o prêmio de melhor diretor em Veneza, gostou muito da exibição hoje em Cannes e não seria de se estranhar se sua história poética recebesse algum prêmio no festival.

 

O diretor Sergei Loznitsa, centro, e elenco de seu filme 'My Joy'. Foto: Yves Herman/Reuters

 

Da Ucrânia - Raro também seria o documentarista Sergei Loznitsa receber a Palma de Ouro por seu primeiro filme de ficção. "Schastye Moe" ("My Joy" ou "Minha Felicidade") é um filme que não esconde a experiência do diretor com o documentário.

 

Estilo muito realista, câmara na mão e visão antropológica da realidade para a história de um caminhoneiro que se perde na Rússia rural e em seu caminho encontra uma galeria de personagens que representam os problemas da sociedade, desde a prostituição de menores até a corrupção.

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Rodado no norte da Ucrânia, perto da fronteira russa, a história segue uma onda de violência até um ponto sem volta. "Eu comecei a fazer um road movie, mas na metade das filmagens descobri que não era isso. Não sei muito bem a que gênero pertence, nem qual é seu estilo, disse Loznitsa em coletiva de imprensa.

Em sua opinião, é ao mesmo tempo um filme realista que pode ser confundido com um documentário, mas também contém elementos grotescos que vão num crescendo. "É um filme eclético", resumiu o diretor, que usou atores não profissionais, para descobrir com o filme "o que é o humanismo". E "em que circunstâncias podemos ser chamados de humanos e como nos comportamos em situações sem esperança", acrescentou Loznitsa.

 

Trata-se de uma história dura com elementos de humor negro, que segundo o diretor, não possível compreender em Cannes por ser muito difícil fazer uma tradução adequada na legenda.

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