Woody Allen polêmico, um bom terror, um brasileiro do qual se fala que poderá ir para o Oscar... Há muito o que ver nas estreias da semana.
Expresso do Amanhã, de Bong Joon-ho
O diretor sul-coreano de Memórias de Um Assassino, O Hospedeiro e A Mãe retorna com uma ficção pós-apocalíptica. Na Terra do futuro, experimento malsucedido instituiu uma nova era glacial. Na contracorrente de Tomorrowland, o futuro otimista de Brad Bird, o de Joon-ho é sádico e cruel. Chris Evans, o Capitão América, e Tilda Swinton acrescentam ao interesse, mas é bom ir prepartado para as imagens e situações de choque.
Hitman – Agente 47, de Aleksander Bach
Nova versão do videojogo que já inspirou um filme homônimo de Xavier Gens. Como o anterior, de 2007, é bem estiloso, mas acrescenta outra natureza às relações do herói com a garota. Enquanto Timothy Olyphant e Olga Kurylenko tinham uma ardente cena de sexo, aqui a tensão erótica se dissipa em pancadaria, em função de revelações que mudam o curso da história. Rupert Friend e Hannah Ware formam o par central, e Zachary Quinto, o Spock da renovada série Star Trek, exibe seu lado vilão. Dá para ver, mas você já começa a esquecer antes mesmo que termine.
Homem Irracional, de Woody Allen
Nos últimos tempos, mantendo o ritmo de um filme por ano, todos os anos, Woody Allen tem alcançado resultados bem irregulares. Seu novo filme não é tão bom quanto Blue Jasmine, mas também não é ruim (medíocre?) como Magia ao Luar e Para Roma, com Amor. E devolve o autor à vertente ambiciosa de Crimes e Pecados. Joaquin Phoenix faz professor de filosofia com fama de bad boy. Ele se envolve com colega (Parker Posey) e com aluna (Emma Stone, a nova musa do diretor). Racional,tem um surto de irracionalidade e tenta cometer o crime perfeito. Dostoievski, Kierkegaard, as obsessões estão todas presentes, mas Allen dá a impressão de se repetir (e até de forma um tanto impessoal). Crimes e Pecados era de outra grandeza.
Periscópio, de Kiko Goifman
Dois homens num apartamento, João Miguel e Jean-Claude Bernardet. Relações de poder e dominação. No meio da sala, o periscópio. É um instrumento ótico usado em submarinos e que permite observar objetos por cima de obstáculos que impedem a visão direta. Como no teatro do absurdo, os personagens se agridem, hostilizam, expõem-se. Esperam o quê? Refletem-se na lente, em todo o caso. O tom beckettiano dá a medida da ambição do projeto.
Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert
Há uma torcida por Regina Casé, para que ela seja indicada para o Oscar. Não deixa de ir nisso certa injustiça, porque Regina dividiu o prêmio do júri no Sundance Festival com Camila Márdila, que faz sua filha. A torcida deveria ser pelas duas – melhor atriz e melhor coadjuvante? Por que não? Regina faz Val, a ex-babá que permaneceu integrada à casa, como agregada da família. A chegada de sua filha, Jessica, uma garota com atitude, acirra tensões. A versão mais popular, e não vai nisso nenhum demérito, de O Som ao Redor, de Kléber Mendonça Filho, e Casa Grande, de Fellipe Barbosa. Grandes interpretações também de Karina Telles, Michel Joelsas e Lourenço Mutarelli, num papel que a diretora e roteirista escreveu para ele.
Ted 2, deSeth MacFarlane
Quem viu e se divertiu com o 1 não vai querer perder o 2. Mark Wahlberg e o ursinho continuam grandes amigos. Ted casa-se, resolve ser pai e o caso vai parar no tribunal. Ted tem de provar que é uma pessoa, não um bem, para ter direito a adoção. Mais até do que no primeiro, as piadas giram em torno de sexo e maconha. Siga no Facebook a campanha de lançamento. Ted está em toda parte em São Paulo. Come sanduíche no Estadão (a lanchonete do Centro), fuma unzinho no Ibirapuera. Hilário!
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