Complexo Vera Cruz ganha projeto de revitalização

Após 61 anos com as portas fechadas, os estúdios fundados por Franco Zampari recebe investimento de R$ 156 milhões

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colunista convidado
Por Leandro Nunes
Atualização:

Um funcionário público está noivo da garota mais linda de Santa Rita do Passa Quatro. Um dia, o circo se instala na cidade e o rapaz fica encarregado de cobrar as taxas municipais. Lá, Zequinha conhece e se apaixona pela amazona Branca. É disso que trata o filme Tico-tico no Fubá, do diretor Adolfo Celi, e também da canção, eternizada na voz de Carmen Miranda. O filme, premiado no Festival de Cannes foi lançado em 1952 pela até então extinta Companhia Cinematográfica Vera Cruz.

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A noite da quarta-feira, dia 5, foi reservada para relembrar e reviver histórias como esta. O motivo é o lançamento do projeto de revitalização do Complexo Vera Cruz, situado na cidade de São Bernardo do Campo.  A responsável pela empreitada, por meio de concessão, será a empresa de infraestrutura, iluminação e cenotecnia Telem. O projeto avaliado em R$ 156 milhões prevê a construção de sete estúdios, um centro cultural, salas de pré e pós-produção, estacionamento, teatro, cinema digital, espaço de convivência e o Memorial da Cia. Vera Cruz, com acervo iconográfico e peças pertencentes ao município. As intervenções nos 45,6 mil m² do complexo vão respeitar as linhas arquitetônicas originais da construção.

As obras serão iniciadas ainda neste mês e vão durar cinco anos. “Após esse período, nós vamos convocar as produtoras e fomentar parcerias na criação de obras audiovisuais, concedendo todos os equipamentos e infraestrutura necessárias”, contou o diretor comercial da Telem, Fernando Fontes. Como parte do contrato, o Centro de Audiovisual (CAV), mantido pelo município, será transferido para o Complexo e passará a ser administrado pela concessionária. O local servirá como incubadora de empresas do setor além de abrigar cursos de formação.

Complexo Verá Cruz terá sete estúdios dentro da construção original Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

História. Fundado pelo italiano Franco Zampari, também criador do Teatro Brasileiro de Comédia, os estúdios surgiram em 1949 com o apoio de empresários paulistas. O objetivo era produzir em terras brasileiras filmes com o mesmo padrão internacional das indústrias norte-americana e europeia.

Artistas como Tônia Carrero, Cacilda Becker, Paulo Autran e do campeão de bilheteria Mazzaropi passaram pelo Vera Cruz. Em apenas cinco anos de existência, os estúdios produziram mais de 20 longas e documentários, entre eles O Cangaceiro, de Lima Barreto, e Caiçara, de Adolfo Celi, e Sinhá Moça, de Tom Payne.

Com dificuldades financeiras e problemas de administração, o estúdio encerrou suas atividades em 1972. “Os filmes de Mazzaropi, bem como as demais produções do estúdio, representaram todo o potencial do Brasil na mercado audiovisual. A história do Vera Cruz provou isso. Agora, precisamos de projetos que garantam certo continuísmo como principal característica”, defendeu, durante o evento, o diretor-presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Manoel Rangel.

Veja trechos do filme Tico-tico no Fubá

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