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Comédia atualiza estereótipo da "loura burra"

Em Legalmente Loira, a atriz Reese Whiterspoon vive uma patricinha na luta pelos direitos da "classe". Dirigido por Robert Luketic, filme estréia nesta sexta

Por Agencia Estado
Atualização:

Hollywood conseguiu o que parecia impossível. O filme de cabeceira das louras burras sempre foi Nascida Ontem, de George Cukor, com Judy Holliday, embora algumas preferissem Os Homens Preferem as Loiras, de Howard Hawks, com Marilyn Monroe. Preferências à parte, Judy formatou a personagem que fez a glória de Marilyn - a glória e a miséria, porque ela nunca desistiu de querer provar que era atriz e séria. Era mesmo, mas Hollywood - ou a Fox - se recusava a admiti-lo. Marilyn foi imolada. Pois agora surge uma versão atualizada da loura burra e em outro filme distribuído pela Fox. Será mera coincidência? A nova loura burra é também uma patricinha. Quer mostrar a todos, especialmente ao namorado que a rejeitou, que é inteligente. Convence a si mesma e ao espectador. Legalmente Loira é uma graça de comédia. Reese Whiterspoon não é nenhuma Marilyn, mas virou um fenômeno de comunicação em Hollywood. Seu forte não é ser sexy, mas ela consegue sê-lo. E veste sem dificuldade o modelito da patricinha, o que a aproxima de grandes contingentes de platéias femininas de jovens. Só que ela não quer celebrar a patricinha, pura e simplesmente. Na era do politicamente correto, quer lutar pelos direitos das patricinhas. É a chamada publicitária no cartaz de Legalmente Loira. Difícil imaginar marketing melhor. Outra frase no texto distribuído à imprensa é primorosa: quantas louras são necessárias para mudar a escola de direito de Harvard? Só uma, desde, é claro, que seja Elle Woods, a personagem de Reese em Legalmente Loira. No começo, a patricinha mais perua de Beverly Hills é convidada para jantar pelo namorado. Acha que vai receber uma proposta de casamento. Leva um chute. Ele tem ambições políticas, precisa de alguém melhor e mais inteligente que ela. Elle o segue em Harvard. Entra por merecimento próprio, ao contrário do seu príncipe, que, ela descobre depois, só entrou por interferência do pai poderoso. Como loura burra que se preze, Elle inicia o curso como alvo de chacota, especialmente da nova namorada (morena) do seu ex. Só dá foras. Se você não acha que ela vai dar a volta por cima não sabe o que é Hollywood. O filme dirigido por Robert Luketic, um australiano com passagem pelo videoclipe, é divertido. Reese é ótima. A maneira como ela reage à cantada do chefe e, depois, estabelece a verdade no tribunal com as armas da patricinha que nunca deixa de ser, é ótima. Luketic resgatou a alegada burrice das louras. Fez um filme simpático, para competir na mesma faixa de O Diário de Bridget Jones, com Renee Zellwegger. Que, só para lembrar, é loura.

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