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Começa retrospectiva do cinema francês no CCBB

Retrospectiva no CCBB traz 12 longas franceses de Robert Bresson, René Clair, Alain Resnais e também de jovens cineastas

Por Agencia Estado
Atualização:

Cinema Francês no Limite, que vai de hoje a 30 no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) tem um bom tema e bons filmes. Pessoas em crise costumam dar boas histórias, e além disso o próprio termo "situação-limite" foi criado por um ilustre francês, Jean-Paul Sartre, lido por aqui no tempo em que o Brasil buscava referências culturais de primeira linha. Nos filmes selecionados vemos cineastas do porte de um Robert Bresson, René Clair, Alain Resnais, além dos mais jovens Bruno Dumont e Bertrand Bonello. Os três primeiros estão na condição de monstros sagrados do cinema. Os mais moços ainda vão dar muito o que falar, Dumont em especial. A Professora de Piano que passa hoje na abertura, tem atriz francesa Isabelle Huppert, mas seu diretor é o austríaco Michael Haneke, mesmo diretor do incômodo Funny Games. O filme é baseado no texto da escritora austríaca que ganhou o Nobel de Literatura deste ano, Elfriede Jelinek. A sexualidade aparece também como chave para a situação-limite num filme como A Humanidade, até agora o melhor trabalho de Bruno Dumont. Nele, a opressão vazia do interior da França toma forma ficcional através de um crime. Mas é o envolvimento de um homem e de uma mulher que dão sentido à história. Um longo plano de nu frontal, quase ginecológico, contribuíram para o sucesso de escândalo da obra. A sexualidade como "hora de la verdad" é tema recorrente. E está também em O Pornógrafo, em que Bertrand Bonello. Os bastidores da polícia francesa são investigados no enérgico L. 627, de Bertrand Tavernier. Alguns clássicos aparecem na programação, como A Grande Testemunha que, salvo engano, é a tradução brasileira de Au Hasard, Balthazar, um estudo sobre a iniqüidade pelo ponto de vista de um burrico. Esse antropomorfismo de Bresson, quase inútil dizer, é desenvolvido com todo o rigor e despojamento. Meu Tio na América pode não ser o melhor Resnais, mas não deixa de ser interessante ver como o diretor aplica ao cinema os princípios da psicologia comportamental então em voga. Serviço - Cinema Francês no Limite. 3.ª, 14h, L. 627 (1992), de Bertrand Tavernier; 17h, De Mayerling a Saravejo (1940), de Max Ophüls; 19h, A Professora de Piano (2000), de Michael Haneke. 4.ª, 14h, As Grandes Manobras (1955), de René Clair; 16h30, L. 627 (1992), de Bertrand Tavernier; 19h30, Os Anos Loucos (1960), de Mirea Alexandresco e Henri Torrent. 5.ª, 14h30, Cidadão sob Custódia (1981), de Claude Miller; 16h30, Louise (Take 2) (1998), de Siegfried; 19h, L. 627 (1992), de Bertrand Tavernier. Centro Cultural Banco do Brasil. R. Álvares Penteado, 112, Centro, 3113.3651. 3.ª a dom., R$ 4. Até 30/1. Abertura prevista para hoje

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