Começa o 32.º Festival de Cinema de Gramado

Olga inicia hoje o festival mais glamouroso do País, que deverá ser aquecido pelo debate do momento sobre a Ancinav

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Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de encerrar, ontem, a programação do Festival de Cinema Judaico de São Paulo - a premiação será anunciada hoje na Casa de Cultura de Israel -, Olga, de Jayme Monjardim, inaugura oficialmente esta noite o 32.º Festival de Gramado - Cinema Brasileiro e Latino. Você pode acreditar que será um sucesso. Olga tem tudo para arrebentar na mostra da serra gaúcha - um tema forte, baseado num livro de prestígio (de Fernando Morais), assinalando a estréia no longa de um diretor consagrado de TV (Monjardim) e com um elenco de astros e estrelas globais (Camila Morgado, Caco Ciocler, Osmar Prado, Fernanda Montenegro, Eliane Giardini). De todos os festivais de cinema brasileiro, Gramado é o que mais acredita no glamour. E Olga combina com a mostra gramadense. Para tornar as coisas ainda mais atraentes, Camila Morgado, que faz Olga, estourou na minissérie A Casa das Sete Mulheres, de Maria Adelaide Amaral (e Monjardim), que trata justamente da Revolução Farroupilha, a chamada Guerra dos Farrapos, travada no Rio Grande do século 19. Tudo contribui para alimentar a expectativa dessa noite festiva, na qual Olga, que passa fora de concurso, será seguido pelo primeiro filme da competição - O Quinze, de Jurandir Oliveira, adaptado da obra homônima de Rachel de Queiroz. Amanhã, começa a maratona, propriamente dita, com sessões à tarde e à noite que vão prosseguir até sábado, quando serão anunciados os vencedores do Kikito de 2004. Este ano, o grande homenageado será o ator Lima Duarte. A seleção divide-se em longas de ficção latinos e brasileiros, em documentários longos nacionais e curtas em 35 mm, 16 mm e até super 8, bitola que Gramado não deixa de prestigiar. Não representa pouca coisa o fato de ser esta a 32.ª edição do evento que começou em 1973, como conseqüência do sucesso de uma mostra de filmes brasileiros que a cidade abrigara um ano antes. Desde então, Gramado virou um dos grandes foros para exibição e premiação de filmes nacionais. Não costuma ser um festival político como o de Brasília, que lhe é anterior, nem tem um público tão entusiasta e participante quanto o do Recife, que é mais recente, mas Gramado se beneficia da proximidade com Uruguai, Argentina e Chile. Não por acaso, o festival abriga, desde a crise da produção nacional, no começo dos anos 1990, uma seleção latina. O Mercosul faz-se presente na serra gaúcha. E, este ano, contrariamente ao que costuma ocorrer, o festival terá de ser político. A classe reunida na cidade não poderá se furtar ao debate desencadeado pelo anteprojeto que cria a Ancinav, Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual, com seus mecanismos de taxação e promoção de conteúdos da cultura nacional. É só sobre isso que se fala hoje no cinema brasileiro.

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