Começa, no CCSP, Mostra de Animação Canadense

Evento traz o melhor entre o que foi produzido no Canadá, com apoio do National Film Board, nos últimos 50 anos, como a premiada animação "A Rua"

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Por Agencia Estado
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Com duas animações de Hollywood em cartaz - "A Casa Monstro" e "Lucas, Um Intruso no Formigueiro" - vai ser interessante, para as crianças e seus pais, assistirem ao evento que começa nesta terça-feira em São Paulo. A Mostra de Animação Canadense traz o melhor da produção naquele país nos últimos 50 anos. São animações preferencialmente para crianças. É importante a ressalva, porque há uma importante produção animada feita para adultos, no Canadá. Se você considerar que o cinema é uma arte centenária, com certidão de nascimento e tudo - o dia 28 de dezembro de 1895 em Paris, quando os irmãos Lumière realizaram a primeira sessão pública do cinematógrafo -, os fenômenos do curta e da animação são coisas relativamente recentes. Os primeiros filmes eram curtas e curtas de animação forneceram a base para o império de Walt Disney. Os curtas que compõem "Cinco Vezes Favela" também anunciaram o Cinema Novo, no começo dos anos 60. Apesar desses (e outros) exemplos, o boom do curta, no País, ocorreu no começo dos anos 90, quando os desmandos da era Collor bloquearam a produção de filmes longos e o formato virou a tábua de salvação do cinema brasileiro. Cada vez mais se fazem curtas animados no País. "Tyger", visto há pouco no Festival de Curtas, é deslumbrante. A mostra canadense traz curtas produzidos pelo National Film Board do Canadá nos últimos 50 anos. O marco de 1956 não é casual. Coincide com a grande fase do maior animador canadense. Norman McLaren morreu em 1987, aos 73 anos. Nascido na Escócia, formou-se pela Escola de Belas Artes de Glasgow, onde iniciou sua carreira. Em 1949, transferiu-se para o Canadá. Foi um dos maiores experimentadores do cinema. Críticos e espectadores que hoje ficam maravilhados com a computação gráfica talvez se surpreendam de saber que, por volta de 1950, as animações de McLaren já prescindiam da câmera. Ele foi pioneiro na técnica que consiste em desenhar diretamente sobre a película. Não ficou só nela - incorporou a figura humana ao seu trabalho. "Neighbours", de 1952, decompõe o movimento humano pela imagem. Será por isso, pela herança de McLaren, que a animação canadense é tão experimental? A programação da mostra traz autores fundamentais. Co Hoedeman, nascido na Holanda, aprendeu a lidar com marionetes na Checoslováquia. Ele assina duas belas animações - "O Castelo de Areia", de 1977, que ganhou o Oscar da categoria, e "Ludovic, o Presente da Neve", de 2001. "Fome", de Peter Foldes, que nasceu na Hungria, ganhou o prêmio do júri no Festival de Cannes de 1974. É hilariante e cruel ao mostrar esse homem que, ao contrário do que sugere o título, vive só para comer. "Como os Dinossauros Aprenderam a Voar", de Munro Ferguson, de 1995, é uma preciosidade sobre a vida em extinção (e os perigos de se divertir demais, sem prestar atenção aos signos de perigo ao redor). "A Rua", de Caroline Leaf, ganhou o Golden Hugo e o Prêmio Norman McLaren como melhor animação experimental em Chicago, em 1976. Mostra como as famílias se descartam de seus velhos e enfermos. São curtas cuja técnica e profundidade vão descortinar novos horizontes da animação para adultos e crianças Mostra de Animação Canadense. Centro Cultural São Paulo/Sala Lima Barreto (110 lug.). Rua Vergueiro, 1.000, (11) 3383-3400. 3.ª a dom., horários variados. Grátis (retirar ingresso 1 h antes). Até 17/9

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