Começa hoje a Jornada de Cinema da Bahia

Criado em plena ditadura, evento manteve sua vocação contestatória ao longo dos anos e chega a sua 30.ª prometendo uma mostra histórica

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Por Agencia Estado
Atualização:

Em seu 30.º aniversário, a Jornada Internacional de Cinema e Vídeo da Bahia, que ocorre de hoje a 18 em Salvador, promete uma edição memorável. Não apenas pela boa seleção de vídeos e filmes que integram as mostras competitivas, como pelos convidados notáveis. Estarão em Salvador o documentarista Jean Rouch, papa francês do cinema direto, e também um dos mais importantes diretores mexicanos, Paul Leduc, autor de filmes como Frida: Natureza Viva e Reed, México Insurgente. Do Brasil, participam Nelson Pereira dos Santos e Sílvio Tendler, entre outros. Tendler, autor de documentários fundamentais da história recente do cinema brasileiro, como Jango e Anos JK, apresenta na Bahia seus mais recentes trabalhos, um sobre Glauber Rocha, outro sobre o geógrafo Milton Santos. Na mostra competitiva, veteranos como Carlos Reichenbach, Hermano Penna e Renato Tapajós apresentam seus filmes mais recentes. Reichenbach traz Equilíbrio e Graça, Tapajós (em parceria com Toni Venturi), No Olho do Furacão, e Hermano Penna, Nhô Caboclo. Outros cineastas apresentam filmes já testados em outros festivais, como o excelente O Resto É Silêncio, de Paulo Halm, e Hansen Bahia, de Joel de Almeida. Criada na fase aguda da ditadura Médici, a Jornada transformou-se num dos raros foros de debate daquela época de sufoco. Cresceu e manteve essa vocação constestatória, e por isso mesmo seus melhores anos coincidiram com os piores da vida nacional. Depois, com a abertura, outros espaços de discussão foram abertos e a Jornada perdeu a primazia. Mesmo com essa diminuição de espaço no debate público, a Jornada de Cinema da Bahia manteve sua importância no calendário de festivais brasileiros.

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