Com 'Arranha-Céu', Dwayne Johnson é o novo Schwarzenegger

Ex-jogador de futebol e lutador ocupa lacuna que Schwarzenegger deixou nos filmes de ação; veja o trailer

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

O quê, ele de novo? Você já parou para contar quantos filmes de Dwayne Johnson estrearam nos últimos tempos? No ano passado, ele integrou o elenco da bilionária franquia Velozes e Furiosos, tendo participação importante no oitavo título da série. Também emprestou a voz ao guerreiro de Moana – Um Mar de Aventuras. Depois disso, emendou – Baywatch – S.O.S. Malibu, Jumanji – Bem-Vindo à Selva, Rampage – Destruição Total e, agora, Arranha-Céu – Coragem sem Limite. Filho de pai negro e mãe original de Samoa, Dwayne, ex-The Rock, foi jogador de futebol e lutador antes de virar ator e ocupar o lugar que Arnold Schwarzenegger está deixando vago, seja pela política ou pela idade.

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'Arranha-céu - Coragem sem Limite', de Rawson Marshall Thurber, com Dwayne Johnson Foto: Universal Pictures

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O ex-Mr. Universo Schwarzenegger esculpiu seu corpo no fisiculturismo. Dwayne Johnson pode até ter frequentado academias, mas gosta de dizer que não foi preciso modelar nada porque o físico poderoso que o levou a ser chamado de The Rock, A Rocha, está no DNA. Seu pai foi um famoso astro de ‘wrestler’, a luta livre. A mãe pertencia à linhagem tribal de Samoa e o garoto, Dwayne Douglas – ele abandonou depois o segundo nome –, criou-se na natureza. Num período relativamente curto – seu primeiro crédito data de 1996 –, ele chegou ao expressivo número de 116 filmes para cinema e televisão. Mas foi somente agora que chegou ao topo. A mais nova listagem da revista Forbes coloca Dwayne Johnson entre os astros mais rentáveis de Hollywood, com Chris Pratt e a Mulher Maravilha Gal Gadot, todos eles atrás do atual número 1, Vin Diesel.

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Se você acha que, com tantos filmes estreando, Dwayne deveria fazer uma parada para descansar seu público, desista. Ele completou uma comédia, Fighting with the Family, Brigando com a Família, está filmando Jungle Cruise, tem quatro filmes em pré-produção, incluindo Jumanji 2 (sim!), e outros quatro anunciados. Entre esses estão San Andreas 2, a sequência de Terremoto – A Falha de San Andreas, e o remake de Os Aventureiros do Barro Proibido, de John Carpenter, com Kurt Russell, de 1986. Desse jeito, com tantos filmes e, possivelmente, tantos sucessos, daqui a pouco vai ficar difícil, senão impossível, seguir a carreira de Dwayne Johnson. E tem mais – num encontro recente com Tom Cruise, ambos manifestaram o desejo de fazer um filme juntos. Considerando-se a agenda de Dwayne, será coisa para 2022 ou 23, depois da próxima Copa (no Catar).

Mas o tema é Arranha-Céu. Como no cinemão tudo se recicla, é fácil, para qualquer cinéfilo, dizer que o longa de Rawson Marshall Thurber é uma mistura de Duro de Matar, o original de 1988, de John McTiernan, que transformou Bruce Willis em superastro – o filme está completando 30 anos; foi lançado globalmente em 22 de dezembro daquele ano –, com outro blockbuster um pouco mais antigo, Inferno na Torre, de John Guillermin, com Paul Newman e Steve McQueen, de 1974, no auge dos disaster movies. Um agente de segurança com um trauma no passado e cuja mulher e filhos ficam presos numa torre ocupada por criminosos, como em Duro de Matar, e, para complicar, os bad guys colocam fogo no prédio, criando o inferno. Só mesmo um duro para sobreviver a tantos contratempos. Mas, espere, Dwayne não está sozinho na empreitada. Na ficção de Marshall Thurber, Dwayne chama-se Will Sawyer e, enquanto luta numa ponta, sua mulher luta em outra, para preservar as crias do casal.

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Ela se chama Sarah Sawyer, é interpretada por Neve Campbell e, de novo, o cinéfilo pode dizer ‘Captei!’. Neve sobreviveu na sangueira da série Pânico. Não há de ser aqui que será sacrificada, até porque é boa de briga e despeja patadas, quando necessário. Só que não é esse o aspecto mais interessante de Arranha-Céu. Em 1974, com Inferno na Torre, os EUA estavam em plena crise de Watergate e a ficção de Guillermin possuía todos os elementos subliminares para fazer o público voltar a acreditar nas instituições. Em Duro de Matar, 14 anos mais tarde, o mundo vivia o processo de ‘glasnost’, o Muro de Berlim cairia no ano seguinte e os EUA se consolidariam como ‘a’ potência mundial (acossados pela China). Nesse quadro, surpreende que o prédio do ‘inferno’ esteja em Los Angeles, que abriga Hollywood. Portanto – na capital do sonho.

Só uma vez Hitchcock levou a questão a sério e fez um filme totalmente realista – A Sombra de Uma Dúvida, de 1943. Apesar dos elogios da crítica, não era um de seus preferidos. Ele se sentiu tolhido na sua criatividade. Encerrada a questão, Arranha-Céu é um filmaço de ação. Família, segurança, avanços tecnológicos, pancadaria, romance, uma pitada de feminismo (as mulheres são de ‘faca na bota’), outra de humor. O filme tem tudo. Não sendo um filme de super-heróis (o herói tem perna mecânica!), é melhor que o capenga Homem-Formiga e a Vespa, embora a última palavra seja do público. Foi ótimo, para o repórter, ter visto Arranha-Céu num cinema popular do Centro, como o Marabá. O diretor veio da comédia. Fez Uma Família do Bagulho, com Jennifer Aniston como stripper contratada para fingir que é mãe dedicada numa falsa família, e Com a Bola Toda, em que Ben Stiller e Vince Vaughn tentam salvar sua academia, e contam com a ajuda de amigos – a família escolhida? Dessa vez a família é de verdade.

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