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Colecionador encontra o primeiro Reichenbach

Filme feito sob encomenda sobre corrida de automóveis, esporte que o cineasta considera "meio idiota", foi encontrado pelo colecionador Archimedes Lombardi

Por Agencia Estado
Atualização:

Carlos Reichenbach não tinha mais esperanças de reencontrar Corrida em Busca do Amor (1971), seu primeiro longa-metragem como diretor de cinema. Feito sob encomenda para o produtor Renato Grecchi, o filme era dado como perdido. Até que, no final do ano passado, o gráfico e colecionador Archimedes Lombardi, da Associação Brasileira de Colecionadores de Filmes em 16 mm, comprou uma partida de películas em uma feira na Praça Don Orione. E no meio daquele monte de celulóide encontrou uma cópia em bom estado do título, que será exibido uma única vez hoje, às 20h, no Espaço Cultural 2001 Vídeo. Estrelado por David Cardoso, Corrida em Busca do Amor gira em torno de uma corrida de automóveis entre duas escuderias, uma mais abastada e outra com menos recursos. No meio de tudo isso, os principais pilotos das equipes disputam a mesma garota. No livro O Cinema Como Razão de Viver, do jornalista Marcelo Lyra, Carlão conta que aceitou o trabalho como um desafio e uma possibilidade de aprendizado. Até aquele momento, havia dirigido apenas um curta e dois episódios de longas e aguardava uma oportunidade de exercitar sua habilidade em um longa-metragem. "Não tinha nada a ver comigo", declarou o diretor no livro, ao comentar Corrida em Busca do Amor. "Sempre achei esse esporte meio idiota. Mas acabei topando por causa da minha admiração por (Sam) Fuller, que pegava coisas assim e usava toda a sua criatividade para fazer algo exemplar. Eu admirava também os filmes do (diretor e produtor) Roger Corman sobre juventude transviada e gangues de motocicleta." Rodado em Serra Negra e Amparo, Corrida em Busca do Amor não foi um passeio na Serra. A falta de dinheiro fazia da improvisação uma ferramenta constante, o que exigia de Carlão e de seus assistentes, Jairo Ferreira e Percival Gomes de Oliveira, muita criatividade. A certa altura, o próprio diretor entra em cena, no papel de um cientista louco chamado apropriadamente de Ivã, o Terrível. A partir desse ponto, a subversão toma conta. Se há algum sentido nessa mixórdia, o próprio diretor o atribui ao montador Silvio Renoldi (O Bandido da Luz Vermelha), que tratou de impor uma "ordem anárquica" ao filme. Semana Carlos Reichenbach - Quinta, às 20h. Grátis, Retirar senha a partir das 19h. Espaço Cultural 2001 Vídeo (60 lugares). Av. Sumaré, 1.744, Perdizes, tel: 3873-2017

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