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Coleção tem filme que conseguiu apavorar Tarantino

Com seis longas, 'Obras-primas do Terror (Vol. 2)' traz clássicos do gênero como 'A Casa do Além', de Lúcio Fulci

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Menos conhecido que o spaghetti western, o spaghetti nightmare foi outra tendência, e até mais duradoura, no cinema industrial italiano. Enquanto o faroeste macarrônico surgiu e exibiu suas obras-primas nos anos 1960, o terror italiano estendeu-se do fim dos 50 até os 90. Em 1959, um grande do cinema mitológico e de aventuras, Riccardo Freda, com o pseudônimo de Robert Hampton, já incursionava pelo gênero. Freda foi o descobridor de Barbara Steele, mas foi seu fotógrafo, Mario Bava, quem fez dela a ‘scream queen’, rainha do grito, no cultuado Máscara do Demônio, de 1960.

Após o sucesso da caixa Obras-primas do Terror/Volume 1 – com filmes de diretores dos EUA e um de Bava –, a Versátil lança o Volume 2, e agora são autores italianos e apenas um americano. Dois filmes de Bava, um de Dario Argento, outro de Michele Soavi, mais um de Lucio Fulci e, para encerrar o lote de seis, o de George A. Romero. Martin é sobre um garoto de 17 anos que pensa que é vampiro, mas, como não tem os caninos pronunciados, recorre a navalhas para sangrar suas vítimas. Um horror, um horror, e não necessariamente como definição de ‘gênero’.

'Lisa e o Diabo'. Filme dirigido por Mario Bava em 1973, com Elke Sommer Foto: REPRODUÇÃO

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Mario Bava destaca-se no lote. Seus dois filmes ocupam o primeiro dos três DVDs que compõem a caixa. O Ciclo do Pavor foi lançado nos cinemas como Mata, Bebê, Mata. O outro chama-se Liza e o Diabo. Bava foi fotógrafo e levou para seu cinema de terror o gosto barroco pela cor e pela cenografia. O Ciclo de Pavor é sobre médico do século 19 chamado a fazer autópsia em pessoas assassinadas. No passado, garota foi morta no lugarejo e seu fantasma reclama vingança.

Numa cena, o médico persegue o fantasma. Cada sala em que entra possui um tratamento cromático e cenográfico, para compor o que parecem os estágios da mente, até o momento em que, na última, ele se defronta com... Tira a graça dizer o que ocorre, mas é bom destacar que Bava influenciou Federico Fellini. Sim, você leu direito. Não foi o grande Fellini quem influenciou Bava, mas o contrário. A garota com a bola virou representação da morte no episódio felliniano de Histórias Extraordinárias, com Terence Stamp, e a persona de Barbara Steele em Oito e Meio foi esculpida em Máscara do Demônio.

Em Lisa e o Diabo, a turista Elke Sommer descobre, em Toledo, o que parece a casa do Diabo. O filme promove uma ciranda de sexo e pavor, com o motorista Gabriele Tinti, ex de Norma Bengell – que foi atriz de Bava em O Planeta dos Vampiros –, sendo disputado por Elke, Sylva Koscina e até pela viscontiana Alida Valli. O ‘Diabo’ é Telly Savalas e a representação da vida após a morte influenciou Fellini em A Viagem de G. Mastorna, filme nunca realizado, mas cujo roteiro e storyboard devem tudo a Bava.

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