CNBB assiste a filme de Mel Gibson em sessão sigilosa

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Por Agencia Estado
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Numa sessão cercada de sigilo e sob forte esquema de segurança, a produtora Fox apresentou a 41 integrantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ao presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista, Henry Sobel, o polêmico filme A Paixão de Cristo. Produzido e dirigido pelo ator Mel Gibson, o filme mostra as últimas doze horas da vida de Jesus Cristo e vem sendo acusado de anti-semitismo por culpar os judeus pela morte de Jesus. O rabino criticou duramente o filme. "Fiquei repugnado com a falta de fundamentação histórica, a subjetividade de Gibson e a violência do início ao fim. Anti-semitas podem usar o filme para recriar a ficção que justifique o preconceito contra os judeus", disse. "Foram justamente essas quatro palavras: ´os judeus mataram Cristo´, que provocaram as maiores perseguições durante 2 mil anos de história ao povo judeu", afirmou. "Não recomendamos (o filme), mas não vamos boicotá-lo. Cabe a cada um julgar e tirar suas conclusões." O presidente da CNBB, d. Geraldo Majela, disse não ter considerado a obra anti-semita, mas destacou as cenas violentas. "Não se pode tirar essa conclusão do filme", afirmou. "Realmente, a violência é uma coisa que choca." Ele acredita que A Paixão de Cristo atrairá muitos espectadores, a exemplo do que ocorre nos EUA, e aposta que a repercussão levará muitas pessoas a ler a Bíblia. "Fará com que as pessoas busquem, talvez, ler o relato evangélico, para ver se coincide." A estréia no Brasil está prevista para o dia 19. A pré-estréia que reuniu padres e religiosos aconteceu em um complexo de cinemas num shopping na beira do Lago Sul, bairro nobre de Brasília. A maior parte chegou em dois ônibus e entrou por uma parte de emergência do cinema, a qual só se tem acesso através de um clube vizinho. Um segurança ficou na porta da sala, permitindo apenas a entrada dos convidados. Pelo menos seis funcionários acompanharam a chegada dos religiosos. O conselho da CNBB permanecerá reunido em Brasília até sexta-feira, quando está prevista uma entrevista coletiva para comentar o filme de Gibson, além de outros assuntos discutidos no encontro.

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