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Clássico mexicano abre o Cinesul

Filme de Benito Alazraki, premiado em Cannes em 1955, que passa em cópia restaurada, dá início à vitrine anual da produção latino-americana

Por Agencia Estado
Atualização:

Durante dez dias, de sábado a 23, o Centro Cultural Banco do Brasil vira a vitrine do cinema latino-americano em São Paulo. Começa o Cinesul, que vai trazer obras importantes de cinema e vídeo. Por mais atraentes que sejam, como mapeamento das novas tendências do audiovisual na América Latina, é pouco provável que alguma delas consiga ser melhor do que o filme que abre amanhã o evento, às 18h30, numa cópia restaurada. Raíces (Raízes), de Benito Alazraki, é um marco na história do cinema mexicano e latino. O filme ganhou o prêmio da crítica no Festival de Cannes de 1955. Sua narrativa episódica compõem-se de quatro histórias adaptadas, postumamente, da obra do escritor Francisco Rojas González. Todas são independentes entre si, com começo, meio e fim próprios. O elo comum é a vontade de colocar na tela a realidade das populações indígenas. Las Vacas, Nuestra Señora, El Tuerto e La Potranca são os títulos dessas histórias, adaptadas do livro El Diosero. A mais impressionante é a terceira, sobre menino vesgo que é motivo de chacota de seus colegas. A mãe religiosa pede então a Deus que deixe os dois olhos do menino iguais. O que ocorre é uma tragédia, mas o milagre realiza-se porque o garoto adquire, enfim, a respeitabilidade sonhada pela mãe. Alazraki virou depois um diretor comercial. Aqui, assume as influências de Luis Buñuel e Eisenstein, que marcou o cinema mexicano com sua passagem pelo país, onde foi filmar (e deixou inacabado) Que Viva México!. Alazraki foi assistente de Emilio Fernández em Enamorada, fotografado por Gabriel Figueroa. Seu filme deve muito ao lendário produtor Manuel Barbachano Ponce e ao roteirista Carlos Velo, autor de outro filme admirável, Torero.

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