PUBLICIDADE

Cinemateca exibe filme premiado em Cannes

Um Sol Alaranjado foi escolhido o melhor curta do mundo por um júri composto por figuras como os diretores Martin Scorsese, Abbas Kiarostami e a atriz Tilda Swinton

Por Agencia Estado
Atualização:

Eduardo Valente submeteu Um Sol Alaranjado à comissão de seleção do Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte. O filme não foi escolhido. Ficou fora do evento que terminou domingo, na capital mineira. Mas, em Cannes, foi escolhido o melhor curta do mundo por um júri composto por figuras como os diretores Martin Scorsese e Abbas Kiarostami, a atriz Tilda Swinton, também. ?É assim mesmo, um dia a gente é escolhido, no outro não.? Duda Valente diz isso sem ironia. Um Sol Alaranjado ganhou o prêmio da Cinéfondation em Cannes. É o prêmio que o festival dá a filmes de diretores egressos de escolas de cinema. Em São Paulo, você poderá vê-lo nesta terça-feira, no programa de premiação do 7.º Festival Brasileiro de Cinema Universitário. O evento contempla vídeos e curtas em película. Serão dois programas. Às 16 horas, na Sala Cinemateca, a mostra competitiva de vídeos vai mostrar 11 títulos, que compõem um programa de 115 minutos. Às 19 horas, outros 11 títulos compõem um programa de 123 min e exibem os curtas em película. Um Sol Alaranjado não é apenas um deles. É a pérola da segunda seleção. Com o respaldo de quem organiza a Mostra do Audiovisual Paulista e dá valiosa contribuição ao Festival Internacional de Curtas de São Paulo, Francisco César Filho, o Chiquinho, diz que há dez anos o curta universitário era precário e, em geral, interessava só a quem fazia e à sua família. Esse quadro mudou. Os curtas brasileiros ficaram mais caros, mais profissionais. Por conta disso, e também dos mecanismos para levantar recursos no mercado, os curtas estandartizaram-se, como Chiquinho define. A exceção são os curtas universitários. São os mais audaciosos das safras recentes do cinema brasileiros e melhoraram muito, técnica e artisticamente. Ele cita que não apenas Duda Valente mas também Philippe Barcinski e Paulo Sacramento se inbiciaram fazendo cinema no âmbito da universidade. O próprio Duda Valente diz que esse problema da estandartização, a que se refere Chiquinho, é decorrência de uma realidade: os diretores buscam recursos para curtas, hoje em dia, em concursos de roteiros e editais. Precisam fazer roteiros, vender projetos. Terminam apostando em obras mais conformes ao gosto médio, para agradar às comissões de seleção desses concursos. Um Sol Alaranjado, a breve história de uma mulher que vive em função do pai doente e se desestabiliza quando ele morre, foge a esse reducionismo cênico. Não por acaso, encantou o júri de Cannes. Kiorastami elogiou a qualidade do som e da luz, Scorsese disse a Valente que o curta lhe trouxe de volta a experiência em Little Italy, com toda aquela vizinhança bagunçada e falante que forneceu a trilha sonora de sua infância. Valente lembra que o filme está pronto há um ano. Não mudou nada, o que mudou foi a reação das pessoas, após a premiação. As pessoas têm mais respeito pelo trabalho dele. O carioca Duda Valente cursou cinema e vídeo na Universidade Federal Fluminense. Não vai sofrer a síndrome do próximo filme, pós-consagração do Sol, porque esse filme já está feito. É uma adaptação de Mário Prata, chama-se Castanho, trata da relação de uma mulher com um urso de pelúcia e a equipe é a mesma que veio da escola de cinema com o diretor, no filme duplamente premiado, em Cannes e no Festival Brasileiro de Cinema Universitário, que você poderá ver nesta terça, na Cinemateca.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.