Cinema político em alta no fim de semana

Com as estréias de Kedma, do israelense Amos Gitai, e Amém, de Costa Gavras, a discussão em torno da questão judaica e a história da fundação de Israel ganha a tela

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Por Agencia Estado
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Transporte-se para os anos 40, década em que fatos que estão em dois filmes que estréiam nesta sexta-feira em São Paulo sacudiram o mundo: a segunda Guerra Mundial e a fundação o Estado de Israel. Eventos ligados entre si, filmes idem. Kedma, do diretor israelense Amos Gitai, e Amém, de Constantin Costa-Gavras, estão nos cinemas para dar uma aula de história recente e cativar amantes do cinema inteligente. Amos Gitai é um diretor corajoso. Ao narrar a chegada de um grupo de judeus sobreviventes do Holocausto no navio Kedma, em 1948, pouco antes da fundação do estado de Israel, o diretor faz uma crítica que o fez passar por traidor nos círculos conservadores de seu país. Ele acredita que a solução para o conflito no Oriente Médio tem de nascer do diálogo e, inclusive, o que não é fácil para muitos israelenses, do reconhecimento dos direitos dos palestinos. É o que está em pauta em Kedma. Gitai discute o fato de que os judeus, no fim dos anos 40, expulsaram os palestinos de suas terras, às quais eles também tinham direito. E cria essa cena espetacular, uma das mais impressionantes dos últimos anos, quando o palestino recita os versos do poeta Tawfik Zayad, cuja densidade emocional o diretor expõe na tela, manifestando a fúria de um povo que sabe estar sendo espoliado de seus direitos para que a comunidade internacional aplaque sua culpa pela responsabilidade diante do Holocausto. É aí que Kedma tem uma certa ligação com Amém, de Costa Gavras. A responsabilidade de católicos no Holocausto é o pano de fundo do filme. O papa Pio XII, no filme, sabe dos campos de extermínio de judeus durante a segunda Guerra Mundial. Mas se cala. A denúncia já soa velha, mas é a partir dela que o cineasta abre uma discussão em torno da anulação da consciência individual em nome de interesses políticos que, no momento das grandes decisões, é considerado maior. Dois filmes de alto teor político que, por coincidência, estão à mão dos paulistanos a partir de hoje. Violação de Conduta - O filme que reúne novamente Samuel L. Jackson e John Travolta começa quando um grupo de militares americanos parte numa missão, no Panamá, e só regressam dois de seus integrantes. Uma oficial tenta descobrir o que ocorreu. Entra em cena, a pedido do comandante da base, outro oficial (Travolta). Jackson faz o oficial, odiado por seus comandados, que desapareceu na selva. Surgem diferentes versões do que houve e elas vão ficando cada vez mais complicadas, já que os depoimentos se contradizem a todo momento. Finalmente, tirando os infantis e o filme do padre Marcelo Rossi, temos outros dois filmes estreando este fim de semana. Dicionário de Cama conta como um oficial inglês parte para a Malásia a fim de coordenar a colonização do país asiático pela Inglaterra, mas se vê envolvido numa paixão que pode provocar uma guerra. E o brasileiro Rua Seis s/nº, um homem recebe a incumbência de entregar um pacote de dinheiro a uma mulher que não conhece de quem sabe apenas que mora numa certa Rua Seis. Sai por aí e se mete em confusões para cumprir a missão.

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