Cinema nacional poderá crescer 60%

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Por Agencia Estado
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A abertura de 1.500 salas de cinema no interior do País vai dar impulso à indústria cinematográfica brasileira. Será suficiente para aumentar em cerca de 600%, por exemplo, a produção de fitas nacionais por ano. Daria um salto de 30 filmes para 200 obras a cada ano. A avaliação é da presidente do Sindicato da Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo, Assunção Hernandes, ao admitir que o produto genuinamente nacional poderia preencher 50 a 60% do mercado. Segundo Assunção, apenas 7% da população do País vai às salas de projeções, dominadas pelos filmes americanos, localizadas na maioria dos casos em shopping centers. Na outra ponta desse segmento, a sindicalista defende a bandeira da negociação com os donos das emissoras de televisão abertas e das operadoras de TVs pagas (cabo, microondas e satélite) como forma de obter a redenção do cinema brasileiro. Assunção defendeu também limites para a entrada de fitas estrangeiras no mercado interno. Segundo ela, não é justo que os importadores paguem uma taxa de R$ 1,4 mil para trazer determinado filme e a indústria nacional ser tributada em cerca de 50% sobre o preço do negativo virgem comprado nos Estados Unidos ou no Japão. "O Brasil precisar regulamentar a cota de forma sábia e inteligente", disse a sindicalista. Produtora de filmes, Assunção lamenta que o cinema brasileiro esteja no abandono desde os anos 90 e, agora, "chegou o momento de darmos o troco". Ou seja, com a edição da Medida Provisória n.º 2.219, que tramita no Congresso, o governo federal está abrindo caminho para que a indústria nacional se recupere. "Há vários anos, as salas situadas no interior do País foram fechadas, dando lugar a supermercados e templos religiosos. Enquanto isso, os estúdios estrangeiros concentram os seus negócios nos chamados multiplex, localizados nos shoppings onde puderam concentrar seus lucros." A mudança desse cenário, de acordo com Assunção, está na instituição do Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Cinema Nacional (Prodecine) colocado justamente na MP que estabelece a política para o mercado brasileiro. Na sua avaliação, esses incentivos colocados na medida provisória seriam suficientes para assegurar a proliferação de novos cinemas País afora. Apenas no interior de São Paulo surgiriam cerca de 300 salas para exibir preferencialmente fitas nacionais. A produtora defendeu também uma profunda revisão do tratamento que o País dá para as produções estrangeiras. Hernandes explicou que nos Estados Unidos, por exemplo, o mercado é totalmente fechado para fitas nacionais. Um produto brasileiro não encontra espaço para conquistar uma fatia do público americano. "Qualquer fita em outro idioma é rejeitado" lamentou. Ela acha que as autoridades brasileiras já estão buscando a defesa dos interesses de produtos brasileiros. Dois exemplos dessa mobilização foram a questão da exportação da carne bovina e o apoio brasileiro concedido aos aviões da Embraer. Assunção acha que o governo federal ao assumir a defesa das produções internas estará contribuindo para que se desenvolva o mercado cinematográfico.

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