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Cinema latino em mostra no Rio

A 8.ª mostra de cinema Cinesul 2001apresenta um panorama latino-americano. Destaque para Tinta Roja (Tinta Vermelha), de peruano Francisco Lombard (foto) e Nueces para el Amor, de Alberto Lecchi, que foi um sucesso na Argentina

Por Agencia Estado
Atualização:

Começa nesta terça-feira, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, o Cinesul 2001 - oitava edição de uma das poucas janelas para o cinema latino-americano no País. Até o dia 24 serão apresentados 11 longas-metragens que concorrerão ao Troféu Mercosul de Melhor Filme. Além disso, em paralelo, o Cinesul exibe 11 longas (cinco em película e seis em vídeo) baseados na obra do escritor colombiano Gabriel García Márquez. A Argentina é o país com representação maior. Chega com três filmes (Cien Años de Perdón, El Mar de Lucas e Nueces para el Amor). A Venezuela vem com dois (A La Media Noche y Media e Manuela Sanz). Com um longa: Bolívia (El Triangulo del Lago), Colômbia (Kalibre 35), Equador (Ratas, Ratones, Rateros), México (Piedras Verdes), Peru (Tinta Roja) e Uruguai (El Viñedo). Alguns destaques a conferir. Nueces para el Amor, de Alberto Lecchi, foi um sucesso na Argentina, país que vem conseguindo manter uma boa fatia de mercado com filmes próprios, o que é raro na América Latina e no resto do mundo. Tinta Roja (Tinta Vermelha), de peruano Francisco Lombardi, foi bem de público em seu país. É um filme raçudo, como costumam ser os de Lombardi, um dos melhores narradores do cinema latino-americano e corajoso ao enfrentar temas indigestos. Neste, como o título indica, ele pretende investigar os bastidores da imprensa policial sensacionalista. O episódio é baseado numa passagem biográfica do escritor peruano Mario Vargas Llosa, que começou sua vida no jornalismo como repórter policial. Esse episódio, autêntico, mas devidamente deformado para fins de ficção, está descrito no romance Conversa na Catedral, provavelmente a obra-prima de Llosa. O filme mostra como os profissionais dessa área, em contato permanente com o lado mórbido da sociedade, podem afundar no niilismo absoluto. O personagem principal é o chefe do jovem jornalista que se inicia na profissão. O jornalista mais velho é um modelo de cinismo e degradação, pintados, no entanto, sem nenhum julgamento moral por Lombardi. O caso, na verdade, serve para abrir uma janela ao espectador e fazê-lo vislumbrar o que significa viver no submundo de Lima. Entre os destaques da Mostra Gabriel García Márquez no cinema estão Cartas del Parque, de Tomás Gutiérrez Alea, Crônica de uma Morte Anunciada, de Francisco Rosi, e Erêndira, de Ruy Guerra.

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