Cinema lamenta morte de Walter Hugo Khouri

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Por Agencia Estado
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A morte do cineasta Walter Hugo Khouri, ocorrida na madrugada de hoje, abalou a classe artística. Confira as repercussões: Norma Bengell (atriz e diretora) - "Fiquei muito abalada com a notícia. Com Walter, fiz filmes importantes (como Noite Vazia) que me abriram as portas na Europa. Era um homem delicado, amoroso, e um diretor seguro, que amava as mulheres e jamais gritava durante as filmagens, mesmo nos momentos mais tensos. Eu adorava acompanhá-lo em restaurantes japoneses, seus preferidos, e foi ele quem organizou a festa do meu casamento, que aconteceu nos estúdios da Vera Cruz. Walter cuidou do cenário, que era uma igreja, e os técnicos foram as testemunhas." Carlos Reichenbach (cineasta) - "Sem o Walter, perdemos o terceiro grande artista que retratava São Paulo de forma pessoal depois de Luis Sérgio Person e Roberto Santos. Estamos perdendo os grandes autores, que deixavam uma marca pessoal e intransferível em sua obra. O cinema de Walter Hugo Khouri tem uma aproximação muito grande com outras artes, em especial a pintura de Magritte e de Mario Gruber. Assim, os primeiros cinco minutos de Eros, o Deus do Amor são, para mim, o maior inventário de melancolia de São Paulo por sua plasticidade. São imagens marcantes, em que Walter vira a alma do avesso. Já em A Filha do Fogo, ele faz o melhor filme do gênero fantástico do Brasil. Ele também não abria mão de sua dramaturgia, que era próxima da filosofia existencial e do erotismo. Walter não fazia o cinema pelo cinema, pois, como era um autor, atingia uma dimensão superior." Odete Lara (atriz e escritora) - "A notícia me surpreendeu, embora o que me diziam é que ele já não estava bem. Fica, no entanto, a lembrança de uma pessoa doce, compreensiva, que adorava trabalhar com o cinema. Walter tinha um relacionamento admirável com toda a equipe durante as filmagens. Ele se preocupava com tudo, especialmente com a exposição dos atores. Assim, ele cuidava de todos os detalhes do que interferiria no resultado final, como a fotografia. Também era exigente com os atores, mas jamais com palavras duras. Fiz, com ele, dois filmes Na Garganta do Diabo e Noite Vazia, que foram decisivos em minha carreira, em especial este último. Lamento não ter mantido mais contato com ele nos últimos anos, mas, apesar da tristeza, provavelmente ele foi para um mundo melhor do qual hoje vivemos." Ugo Giorgetti (cineasta) - "Gostava muito do Walter, uma pessoa muito agradável, afável. Não havia tensão no relacionamento com ele. Essas características são muito mais importantes do que tudo o que ele fez para o cinema. Sinto muito por ele, principalmente porque o Walter era um cineasta com quem você poderia conversar sobre uma série de coisas além do cinema. Um profundo conhecer de literatura, música, basta observar as trilhas de seus filmes, que demonstram muito bem isso. Foi uma perda." Laís Bodanzky (cineasta) - "Posso dizer que a dor é grande pela perda de um mestre. Todos nós sentimos muito. O cinema vai sentir muito. Agradeço pela obra que ele nos deixou, um trabalho de grande peso para o cinema brasileiro." Tata Amaral (cineasta) - "Foi um cineasta que deixou marcas memoráveis para o cinema brasileiro. Sem dúvida alguma é uma grande perda."

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