Cinema belga se impõe em Locarno

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Por Agencia Estado
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A vaga do cinema belga parece ter chegado a Locarno, onde até há pouco, quem dava as cartas eram os iranianos. Com a exibição da metade dos filmes em competição, mantêm-se em destaque o filme Moça ("Meisje"), de Dorothée Van den Berghe, que poderá repetir em Locarno, o mesmo sucesso dos irmãos Dardenne em Cannes. Porém, a receita de Dorothée não enfatiza o lado social e sim a psicologia de três mulheres de idades diversas, duas das quais são mãe e filha. O fato de começar com um close do sexo feminino nada tem a ver com provocação, garante a diretora, mas talvez seja a afirmação de que se trata de um filme de mulher, feito com mulheres e seus problemas, sem excluir os homens que entram em suas vidas. Embora a maioria dos jovens tenha a fase de rejeição da família, a diretora de Meisje, criada numa comunidade de hippies de Amsterdã, sentiu sempre um fascínio pelas "verdadeiras famílias" por nunca ter tido uma. "Na comunidade em que fui criada, nunca se falava em casais que ficassem juntos toda vida", disse ela. "Só ao ir para a Bélgica, descobri pessoas casadas há muitos anos e educando juntos os filhos. Antes, minha escola só tinha filhos de casais separados ou divorciados. Fui educada por minha mãe e, talvez por isso, o filme focalizë as relações entre mãe e filha. Autora de curtas-metragens, Dorothée Van den Berghe sempre acentuou neles a sexualidade. "Isto porque fui criada num meio bastante livre. Meu pai estava sempre com outras mulheres e eu e minha mãe víamos isso. Aos sete anos, já sabia tudo sobre sexualidade, mas sem sentir e sem saber o que significava no próprio corpo. No filme Moça, eu quis mostrar a maneira como as mulheres vivem sua sexualidade. A cena em que Muriel se masturba é uma das primeiras que escrevi, explica a diretora".

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