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Cinelândia em guerra tumultua gala de abertura do Festival do Rio

Protesto de professores no tamete vermelho sofreu intervenção policial

Por Luiz Carlos Merten - Rio
Atualização:

Foi uma noite quente na Cinelândia, no sentido real e no metafórico. A alta temperatura somou-se ao tumulto criado no acesso ao tapete vermelho que dava acesso ao Cine Odeon, para a abertura solene do 15.º Festival do Rio. Professores ocuparam ali adiante o prédio da Câmara Municipal. A polícia interveio, e foi truculenta. Os manifestantes deslocaram o eixo e foram para a frente do Odeon. Mulheres de longo e homens de black-tie foram empurrados e agredidos verbalmente. O gesto simbólico – os manifestantes ofereciam papel higiênico, já que o público ia ver a m... produzida pela Globo Filmes.

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Nunca houve uma abertura como a do Festival do Rio de 2013. Os percalços lá fora não chegaram a empanar o brilho. Lá dentro, os convidados usaram óculos para assistir ao primeiro filme em 3D do Odeon, e logo na abertura do festival. O documentário – nos limites da ficção – Amazônia, de Thierry Ragobert, já havia encerrado o Festival de Veneza, no começo do mês. Depois disso, passou por outro festival, o de Toronto, antes de desembarcar no Rio.

A diretora artística Ilda Santiago destacou as parcerias que tornaram a inovação tecnológica possível, numa sala que ainda não estava aparelhada para isso. A outra diretora, Walkiria Barbosa, que se ocupa do Rio Market – o fórum de debates e seminários sobre questões econômicas e tecnológicas –, preferiu dar o tom do que serão as discussões. “Precisamos encarar a questão do direito autoral, porque não é possível que nossa produção artística e intelectual seja disponibilizada na internet, e por empresas ditas sérias que lucram com isso.” A guerra foi declarada – já havia outra guerra ali na Cinelândia.

Inaugurado para convidados na quinta à noite, o Festival do Rio começou ontem para falar em cerca de 30 pontos de exibição da cidade – entre salas tradicionais e arenas culturais. No total, o evento exibirá 380 filmes. E tudo começou com a história do macaco domesticado – de circo – que precisa reassumir sua natureza selvagem para sobreviver na floresta, depois que o avião que o transporta sofre uma pane e cai na Amazônia. Por melhor ‘ator’ que seja o macaco protagonista – ele foi ‘dublado’ em cenas pontuais –, o personagem é aflitivo. A imersão na beleza de cores e sons da floresta – o Planeta Verde – compõe um receituário de politicamente correto. A expectativa fica agora toda com o encerramento, que terá Serra Pelada, de Heitor Dhalia, no dia 9.

E começou para valer. A imprensa viu ontem Night Moves, da diretora Kelly Reichardt, sobre o tema do ecoterrorismo – a questão ambiental se antecipa vigorosa no festival que começa. O filme coproduzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira é estrelado por Dakota Fanning, e a atriz já está no País. Dakota veio não só para a sessão oficial, hoje, no Odeon, mas também para o baile da amfAR, quarta-feira, no Copacabana Palace, quando também será apresentado o documentário The Battle of amfAR, sobre a verdadeira guerra que Elizabeth Taylor teve de levar para apoiar vítimas da aids e levantar fundos para pesquisas contra a síndrome.

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