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Cineasta ucraniano preso Oleg Sentsov vence prêmio Sakharov 2018

O diretor foi detido na Rússia no contexto da crise da Crimeia em 2014; homenagem é entregue pela Eurocâmara a defensores dos direitos humanos

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Por Redação
Atualização:

O cineasta ucraniano Oleg Sentsov, preso na Rússia desde 2014,foi o vencedor deste ano do prêmio Sakharov, homenagem entregue a quem contribui para defesa da liberdade e dos direitos humanos. O vencedor é escolhido pelo Parlamento Europeu, que fez o anúncio nesta quinta-feira, dia 25.

Diretor ucraniano Oleg Sentsov, sentenciado a 20 anos de prisão, recebe prêmio Sakharov do Parlamento Europeu Foto: REUTERS/Sergey Pivovarov

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Moscou imediatamente classificou a concessão do prêmio como uma decisão totalmente politizada por parte da Eurocâmara. O presidente da instituição, Antonio Tajani, foi o responsável por anunciar a condecoração. "Sentsov se tornou um símbolo da luta pela libertação dos presos políticos na Rússia e no mundo", afirmou o político.

O cineasta sucede a representantes da oposição democrática da Venezuela como vencedor do prêmio. Nomeado por conta do cientista soviético dissidente Andrei Sakharov, a honraria reconhece, desde 1988, aqueles que contribuem à luta pelos direitos humanos e pela liberdade de pensamento.

Os líderes das bancadas parlamentares escolheram o nome de Sentsov em encontro a portas fechadas. O diretor superou outros dois candidatos: o ativista marroquino Nasser Zefzafi, também na prisão, e 11 ONGs que resgatam imigrantes no Mediterrâneo.

Para o Partido Popular Europeu, legenda de direita que apresentou a candidatura do cineasta, o prêmio envia um poderoso sinal para os presos políticos ucranianos. "É um sinal claro contra sua detenção ilegal", disse o deputado liberal tcheco Pavel Telicka.

Homem protesta contra a prisão de Oleg Sentsov commáscara do cineasta Foto: Martin Divisek/EFE

Oleg Sentsov, nascido na Crimeia há 42 anos, foi detido em sua casa em maio de 2014 e condenado no ano seguinte a 20 anos de prisão. As acusações foram de terrorismo e tráfico de armas, em julgamento considerado "stalinista" pela Anistia Internacional.

O pai de dois filhos iniciou uma greve de fome para obter a libertação de todos os presos políticos ucranianos detidos na Rússia. Ele encerrou o protesto 145 dias depois, para evitar a alimentação à força.

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Tajani elogiou a coragem e determinação do vencedor e pediu sua libertação urgente, por conta de seu estado de saúde após longa greve de fome. A cerimônia oficial de entrega acontecerá em 12 de dezembro em Estrasburgo, na França.

Maria Zajárova, porta-voz russa, declarou que a decisão é totalmente politizada. "Virtualmente ninguém viu seus filmes", afirmou sobre trabalho do ucraniano.

A situação do diretor de filmes exemplifica a relação tensa entre Rússia e Ucrânia desde a anexação da Crimeia, então península ucraniana, por Moscou, em 2014. O posterior conflito armado com separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia deixou mais de dez mil mortos.

Alguns vencedores do Sakharov foram agraciados, anos mais tarde, com o Nobel da Paz. É o caso de Nelson Mandela (o primeiro vencedor do prêmio do Parlamento Europeu, em 1988), da paquistanesa Malala Yousafzai e da yazidi Nadia Murad.

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