Cineasta italiano premiado mergulha no mais profundo do futebol

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Por Paul Virgo ROMA (Reuters Life!) - Como a maioria de seus conterrâneos, o cineasta italiano premiado com o Oscar Gabriele Salvatores adora futebol. Ele pode ser encontrado com frequência no estádio de San Siro, acompanhando seu time do coração, a Inter de Milão. E a cena de uma partida de futebol no deserto é um dos trechos mais elogiados do filme com o qual ele surgiu no cenário cinematográfico, "Marrakech Express", de 1989. Mas Salvatores, que recebeu o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1991 por "Mediterrâneo", a história de um grupo de soldados italianos presos numa ilha grega no final da 2a Guerra Mundial, acredita que o futebol pode ser muito mais que apenas um esporte. E ele o comprova com seu filme mais recente, "Petites Historias das Crianças", um documentário comovente sobre crianças que participam dos projetos assistenciais ligados ao futebol patrocinados pela Inter de Milão em países em desenvolvimento. "Adoro a idéia do futebol como esporte de equipe, em que todos trabalham para que a pessoa mais bem posicionada possa marcar o gol", disse Salvatores à Reuters, na sessão de seu filme no festival de cinema de Roma. "Achei muito belo contar as histórias de crianças que vivem em situações difíceis de guerra e pobreza, e que fazem escolinha de futebol na qual aprendem a trabalhar em equipe." Durante mais de um ano de filmagens, o diretor conversou com crianças em sete dos 18 países em que funciona o Inter Campus, o programa de desenvolvimento do clube: Romênia, Bósnia-Herzegóvina, Camarões, Irã, China, Brasil e Colômbia. Salvatores disse que o objetivo das escolinhas não é formar talentos futebolísticos futuros, mas proporcionar a crianças carentes a chance de ter um futuro melhor e se tornarem membros positivos de suas comunidades, quando adultas. "Toda criança sonha em virar jogador de futebol profissional, mas o Inter Campus deixa claro que isso é pouco provável", disse o diretor de 58 anos. O filme mostra como as escolinhas de futebol podem combater a desnutrição, ao garantir que crianças pobres façam refeições regulares, como é o caso num povoado perto de Iaundé, a capital dos Camarões. Na América do sul, elas ajudam as crianças a estudar e ficar longe da criminalidade das ruas, enquanto na Bósnia o esporte é usado para curar as feridas da guerra civil. "Em Sarajevo vimos crianças sérvias, croatas e bósnias jogando futebol juntas", disse Salvatores. "As diferenças étnicas ficaram de lado." "Nas favelas do Rio, o problema principal é que as crianças não vão à escola. Então a primeira coisa que o Inter Campus fez foi determinar que apenas as crianças que frequentam a escola podem participar do projeto. Foi a maneira encontrada de lhes dar uma chance."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.