PUBLICIDADE

Cineasta brasileira prepara adaptação de livro de Amós Oz

'A Caixa Preta', de Monique Gardenberg, terá produção de Amos Gitai

Foto do author Antonio Gonçalves Filho
Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

A cineasta Monique Gardenberg já está no quinto tratamento do roteiro de A Caixa Preta, filme que será realizado em Israel e terá como coprodutor o diretor Amos Gitai, um dos mais respeitados do país. O elenco ainda não está definido, mas Gitai, realizador de Kadosh, leu o roteiro há duas semanas e se tornou produtor ao lado de Augusto Casé e Jeffrey Neale. Parceira dos dois últimos filmes de Monique, a Europa Filmes fará a distribuição.

PUBLICIDADE

A Caixa Preta é um dos mais notáveis livros de Oz, traduzido em mais de 30 línguas. Multifacetado, ele trata tanto de questões políticas – o confronto entre facções ideológicas em Israel – como de dramas pessoais nesse romance epistolar que se passa em 1976, um ano antes da ascensão da direita israelense ao poder.

Monique Gardenberg diz que todos os seus filmes “possuem esse pano de fundo político”, mas não sabe se pesou mais a relação desfeita do casal central ou o panorama social israelense da época, marcado pela derrota do Partido Trabalhista. “Nunca sabemos porque contamos uma história, são fantasmas que aos poucos vão se revelando”, diz a cineasta.

A poesia e a política andam juntas em A Caixa Preta. A história de amor do intelectual Alexander, simpatizante da esquerda israelense, e sua ex-mulher Ilana, agora casada com um homem de direita, vira, segundo a diretora, uma representação metafórica do embate ideológico sobre a questão palestina. Embora separados, Alex e Ilana continuam apaixonados. O ex-marido ajuda financeiramente Ilana e o novo marido, Michael Sommo, professor que se deixa corromper e usa o dinheiro recebido para comprar terras, sendo cooptado por um movimento nacionalista de direita.

A virada em A Caixa Preta se dá diante da morte. Ilana volta para Alex quando o ex-marido enfrenta uma doença terminal. “Penso o tempo todo na morte e é essa super consciência que me leva a querer falar da estupidez e da intolerância, seja amorosa, racial, política ou religiosa.” Esse, segundo a cineasta, “é o grande tema do filme”.

Monique Gardenberg escreveu sozinha o roteiro do filme e esperou quase dois meses para receber a resposta de Amós Oz. “Ele disse que gostou das minhas music notes” (referência à entrevista acima, em que o escritor compara a roteirização de um livro à transcrição musical). Ela também enviou o roteiro ao elenco, mas não revela nomes, uma vez que a escolha dos atores coadjuvantes depende da seleção do par central.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.