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Cine OP deste ano debate a digitalização dos arquivos televisivos

Este ano, o Cine OP homenageou o cineasta Eduardo Coutinho e o restaurador Chico Moreira

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Estão sendo apenas cinco dias, mas muito intensos, de 22 a 27. A Mostra Cine OP é a segunda perna do tripé anual de realizações da Universo Produção, de Minas. Em janeiro, realiza-se a Mostra de Tiradentes, que virou vitrine das novas tendências autorais do cinema brasileiro. Em junho, ocorre a Mostra de Ouro Preto, com seu recorte que valoriza o cinema patrimônio. Que cenário melhor para discutir a preservação de filmes que Ouro Preto? E ainda virá, em outubro, a Mostra Cine BH, que privilegia o cinema contemporâneo de mercado.

Este ano, o Cine OP homenageou o cineasta Eduardo Coutinho e o restaurador Chico Moreira. O tema em discussão foi o patrimônio audiovisual da TV. Especialistas da França, Espanha e Holanda discutiram com a gerente do Cedoc da Rede Globo, Rita Marques, o que está sendo feito para preservar o patrimônio das televisões em todo o mundo. Rita forneceu dados expressivos. Cerca de 7% do material que vai ao ar diariamente na Globo é produzido pelo arquivo da emissora. Benjamin Léréna, do INA, Instituto Nacional do Audiovisual da França, disse que restaurar sai caro, mas compensa. O orçamento do INA, no ano passado, foi de ¤ 134 milhões. Multipliquem por quatro e é um dinheirão em reais. O faturamento foi maior – ¤ 190 milhões.

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Rita iniciou sua apresentação com um institucional da Globo, e do Cedoc. A emissora exibiu no Jornal Nacional imagens do carnaval do quarto centenário do Rio, em 1965. O cineasta Roberto Farias, que na época concluíra sua trilogia informal (Cidade Ameaçada, O Assalto ao Trem Pagador e Selva Trágica), comandou o batalhão de cinegrafistas que captou as imagens e sons dos festejos pela cidade chamada de maravilhosa. Esse material, captado em película, estava se deteriorando. Especialistas no exterior disseram que seria impossível recuperá-lo, mas uma equipe brasileira tomou a peito a missão e teve sucesso.

A gerente lembrou que se iniciou na montagem de filmes e mantém até hoje forte relação afetiva com a película. É uma Indiana Jones em versão feminina, ‘caçando’ registros filmados nas afiliadas da Globo. Todo esse material está sendo digitalizado e indexado. Com base no dicionário da Livraria do Congresso, dos EUA, a Globo criou um sistema próprio que permite localizar e editar rapidamente material de arquivo. O esporte já está catalogado, e o entretenimento está em processo. Rita confirmou que é caro, mas é um campo aberto para profissionais de restauração. Alô, alô – eles estão em falta no mercado.

A discussão abrangeu a delicada questão dos direitos. Em tempos de YouTube, quando muita coisa está disponibilizada na rede, o caro processo de digitalização cria acervos fechados, que pertencem às instituições – ao Cedoc, por exemplo. Como o tema do ensino também está sendo fundamental nessa edição do Cine OP – a lei 13.006/14, que institui o cinema na escola –, discute-se muito em Ouro Preto como a ideia da preservação alargou seu escopo e hoje, além do suporte filme, inclui acervos de TV, materiais domésticos, videogames, conteúdo Web etc., tudo isso fazendo parte de um vasto universo com valor didático e educativo. De que maneira esses acervos podem ser integrados à educação? Rita Marques destacou que a Globo, através da Fundação Roberto Marinho, tem todo um compromisso com a educação. E agora, em tempos de Olimpíada, seu departamento corre para suprir o jornalismo de informações sobre os jogos anteriores.