Com 3,3 milhões de espectadores, Cidade de Deus foi o primeiro filme da retomada a bater o recorde de Xuxa. Logo em seguida, veio o fenômeno Carandiru, que fez ainda mais espectadores - e em menos tempo - no País. Bye-bye, rainha dos baixinhos. O cinema brasileiro - social, político, impactante - está em lua-de-mel com o público. E hoje, justamente, Cidade de Deus inicia nova fase de sua carreira. O filme de Fernando Meirelles está chegando às locadoras, num lançamento em DVD e vídeo da Imagem. "Por enquanto, é o DVD só para rental", anuncia o diretor. Ou seja, o que o público poderá ver, a partir de hoje, é o disco digital para locação. Oferece como extra o documentário de 53 minutos que Ana Braga, a irmã de Sônia e mãe de Alice - Angélica no filme -, fez sobre o trabalho de preparação dos atores, um verdadeiro prodígio de Kátia Lund e Fátima Toledo, que transformaram não profissionais em atores capazes de shows de interpretação. Um dos meninos de Meirelles, como ele os chama, foi preso na semana passada, após roubar a bolsa de uma mulher no ônibus. O diretor confessa que já tentou ajudar esse garoto de muitas maneiras. Revolta-se com o sensacionalismo da imprensa. "Até jornais americanos me ligaram para comentar o novo Pixote. Gente, ele roubou sem arma o equivalente a US$ 8. Não vamos criar um caminho sem volta para o Sabino (Rubens Sabino da Silva)." Em setembro, Meirelles promete, chega às locadoras o DVD de Cidade de Deus para sell thru, com a versão exibida nos cinemas, comentários dele, do montador e do roteirista Bráulio Mantovani e quase uma hora de extras, incluindo cenas que o diretor teve de sacrificar na hora da edição. E mais para o fim do ano, ele anuncia, Cidade de Deus estréia na Globo em formato de microssérie, com quatro ou cinco capítulos. O assunto ainda está sendo acertado no núcleo de Guel Arraes, que encampou o projeto, mas Meirelles já antecipa: "Tenho uma versão de três horas prontinha no computador. Era o meu corte inicial, que depois a gente reduziu até a metragem exibida nos cinemas." Não são apenas cenas novas, que aprofundam personagens e situações. "É também uma questão de timing. Tem horas em que o filme me parece muito rápido. Essa outra montagem, também assinada pelo Daniel Rezende, que ganhou o Bafta, o Oscar inglês, pela edição de Cidade de Deus, dá ao filme um ritmo mais lento, mais reflexivo. Acho que vai ser uma surpresa para muita gente."