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Ciclo repassa trajetória de Claudia Cardinale

Por Agencia Estado
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Claudia Cardinale é uma atriz que sempre dispensou artifícios escandalosos para se promover, mesmo com uma vida atribulada. Depois de ser estuprada por um francês em Túnis, onde nasceu, ficou grávida e decidiu ter o filho. Foi para Roma e acabou prisioneira de um produtor, que a obrigou a rejeitar seu filho e a declará-lo seu irmão. Ela nunca escondeu seu passado. Na verdade, o ato de revelar servia como uma forma de se auto-analisar. Por sua coragem e seu talento, o Centro Cultural Banco do Brasil, em promoção conjunta com o Instituto Italiano de Cultura de São Paulo, inicia nesta terça-feira um miniciclo com quatro filmes de Claudia. São longas que fazem um breve apanhado de sua trajetória pelo cinema. A programação começa com Golpe dos Eternos Desconhecidos (1959), filme de Nanni Loy. Trata-se da continuação de Eternos Desconhecidos, realizado por Mario Monicelli em 1958, primeira aparição de Claudia no cinema. Nesse filme, Nanni Loy retrata a sociedade italiana da época por meio de uma quadrilha de ladrões aventureiros. Em seguida, será exibido o imperdível A Moça com a Valise, de 1960, considerado por muitos como a obra-prima de Valerio Zurlini, cineasta italiano justamente homenageado no ano passado durante a Mostra Internacional de Cinema. O motivo é por apresentar um relato de delicado intimismo ao narrar a história de um galanteador incorrigível, que um dia conhece uma bela moça e a conquista com falsas promessas. Depois de seduzi-la, porém, tenta se livrar dela. Nesta quarta-feira será exibido o melhor filme do ciclo: O Leopardo, que Luchino Visconti rodou em 1963. Premiada com a Palma de Ouro em Cannes, trata-se de uma das obras mais suntuosas da história do cinema, pois Visconti era um artista, um perfeccionista que nunca se rendeu ao cinema industrial. Cada obra, para ele, era um lento processo artesanal, cada etapa devendo ser construída em função da necessidade interna do que se queria expressar. Com um elenco formado por Burt Lancaster, Alain Delon além da própria Claudia Cardinale, o filme conta a saga histórica da ascensão de uma classe dominante que ocupa o lugar de outra. Lancaster é Salinas, nobre siciliano que quer preservar seu mundo a todo custo, mas no fim reconhecerá ser incapaz de deter a marcha da História. O símbolo da mudança é seu sobrinho predileto, Tancredi (Delon), nobre sem dinheiro que se casa com a burguesa vulgar (mas de beleza e fortuna invulgares), Angelica (Claudia). É de Tancredi a seu tio Salinas a frase que define o espírito do filme: "Se quisermos que tudo continue como antes, é preciso que tudo mude." O ciclo termina com Inverno de 54, filme mais recente (1989), dirigido por Denis Amar. Foi um grande sucesso quando exibido na França (superou Batman) e conta a história de um religioso capuchinho que comandou uma campanha popular através do rádio para remover das praças públicas e estações do metrô a população desabrigada de Paris. Pela importância de sua obra, Claudia Cardinale recebeu um prêmio especial, no Festival de Berlim deste ano. Quatro Vezes Claudia Cardinale - Trajetórias de uma Musa. Terça e sábado, às 16 horas, quinta, às 18 horas, domingo, às 14 horas, Golpe dos Eternos Desconhecidos (1959), de Nanni Loy; terça e domingo, às 18 horas, sábado, às 14 horas, A Moça com a Valise (1960), de Valério Zurlini. Quarta, às 16 horas, sexta, às 14 horas, sábado, às 18 horas, O Leopardo (1963), de Luchino Visconti. Quinta e domingo, às 16 horas, sexta, às 18 horas, Inverno de 54 (1989), de Denis Amar. De terça a domingo. R$ 8,00 e R$ 4,00 (meia entrada).

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