Ciclo repassa o papel da mulher no cinema japonês

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Por Agencia Estado
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O Centro Cultural Banco do Brasil resolveu homenagear o Dia Internacional da Mulher com o olhar posto no Oriente. A partir de hoje e até domingo, cinco obras do cinema japonês contemplarão quase 300 anos do papel feminino na sociedade nipônica. Após cada projeção, haverá debates com especialistas em cultura japonesa. O primeiro filme é de Kenji Mizoguchi. Oharu, a Vida de Uma Cortesã (1952) se passa no Japão imperial do século 17 e narra as desventuras de uma velha que foge da polícia. Ela se esconde num antigo templo onde passa a se lembrar de sua juventude. Inicialmente foi dama de companhia do imperador, mais tarde tornou-se dançarina, cortesã e prostituta. Agora vive de esmolas e à procura do filho. Sua trajetória reflete historicamente o papel subalterno ao qual se viam submetidas as mulheres no período feudal. Akira Kurosawa, um dos maiores nomes do cinema mundial, terá exibido Juventude Sem Arrependimentos, rodado quando as cinzas de duas bombas atômicas lançados sobre o Japão aterrorizavam o mundo. Mas a guerra retratada por Kurosawa é a brutal invasão do exército japonês à Manchúria, em 1931. O Império japonês testemunhara a abertura e a modernização, ocorridas no século 19 e vivia-se em plena corrida armamentista. A jovem heroína de Kurosawa vai atrás do namorado, alistado no exército imperial. O Japão patriarcal é o tema de Fim de Verão, de 1961, cujo personagem principal é um chefe de família dividido entre a mulher e a amante. Dois filmes da década de 90 completam a mostra. A Mudança, de 1993, dirigido por Shinji Somai, já reflete as conquistas políticas das mulheres do Japão superindustrializado e dividido entre o culto à tradição e à desenfreada modernização. A história é de uma adolescente que tenta, com a ajuda do namorado, reaproximar os pais separados. Ao contrário de Kurosawa, Somai exercia grande influência na indústria cinematográfica de seu país. O último longa é O Amor de Nabbie, filmado em 1999 por Yuji Nakae, e mais uma vez enfoca o país e suas contradições entre o novo e o arcaico. O filme se passa numa ilha onde um rapaz retorna para ficar com os avós. A chegada de uma paixão da juventude de sua avó a faz hesitar entre a família e o amor. A Imagem da Mulher no Cinema Japonês, de amanhã (06) a domingo, no CCBB (R. Álvares Penteado, 112, Centro de São Paulo; tel.: 3113-3651). Sessões às 15 h e às 18 h.

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