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Ciclo da Cinemateca discute cinema e teatro

O Palco na Tela vai exibir 20 filmes que discutem o diálogo entre as duas linguagens, começando com Tio Vânia em Nova York

Por Agencia Estado
Atualização:

Com o sugestivo título O Palco na Tela, a Sala Cinemateca exibe de hoje ao dia 20 filmes que discutem o diálogo entre o teatro e o cinema. O primeiro filme da programação de quase 20 títulos é Tio Vânia em Nova York, de Louis Malle. Malle não adaptou, no sentido literal, a obra de Chekhov. Teceu, em torno de um ensaio da peça por um grupo de Nova York - a sublime Julianne Moore está no elenco -, uma discussão sobre teatro e cinema, sobre estética e ética. Os atores lêem seus diálogos, buscam a entonação certa. Interrompem-se, falam, discutem. E, aos poucos, a situação chekhoviana salta das páginas da peça impressa para as relações entre eles, naquele palco da Rua 42. O ciclo prossegue hoje com O Rei Está Vivo, de Kristian Levring, que mais de um crítico considera a obra-prima do Dogma. Lembram-se do movimento dos monges-cineastas da Dinamarca? Levring transpôs para o deserto a trama de Rei Lear, mostrando o que ocorre quando passageiros de um ônibus em pane refugiam-se nas ruínas de uma vila abandonada. O teatro faz-se presente na arquitetura minimalista de Dogville, de Lars Von Trier, também presente no ciclo. Talvez surpreenda um pouco ver um filme como Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock, integrado à programação. Hitchcock trabalha no registro essencialmente cinematográfico, intervindo no espaço real dramático por meio da montagem. O quarto no qual James Stewart está confinado, pode assemelhar-se a um huis clos, a um palco, mas a forma é cinema puro, como a de Outubro, de Sergei M. Eisenstein, autor de uma das mais influentes teorias de montagem do cinema, outro presente no ciclo. Há, no ciclo, filmes que vale rever, como As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant, de Fassbinder; o Henrique IV de Marco Bellocchio, o Othello de Orson Welles. Mas se você, até por uma questão de tempo, tiver de selecionar, privilegie três ou quatro. Além do de Malle, imprescindível, procure os raros - India Song, de Marguerite Duras; Fando e Lis, de Alejandro Jodorowski; e Os Amantes Crucificados, de Kenji Mizoguchi. O Palco no Cinema - Hoje, 14h20, Tio Vânia em Nova York (94), de Malle; 16h30, O Rei Está Vivo (2000), de Levring; 18h35, Os Sete Gatinhos (80), de Neville D´Álmeida; 20h45, India Song (75), de Marguerite Duras. Sala Cinemateca. Lgo. Sen. Raul Cardoso, 207. Para saber a programação completa, ligue para 5084-2177 (r. 210). De quarta a domingo. R$ 8. Até 20/3

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