PUBLICIDADE

Chegam às telas as marcas alienígenas de "Sinais"

Novo filme do diretor de O Sexto Sentido, M. Night Shyamalan usa suspense hitchcockiano para tratar do tema do contato com alienígenas, com Mel Gibson no papel prncipal

Por Agencia Estado
Atualização:

Há sinais de vida inteligente no cinema do americano-indiano M. Night Shyamalan. O novo filme do diretor de O Sexto Sentido e Corpo Fechado segue uma lição do mestre Alfred Hitchcock, que, em Os Pássaros, usou um apocalíptico ataque de aves para colocar na tela um conflito familiar. Melanie Daniels, a personagem de Tippi Hedren, vai a Bodega Bay para quebrar a relação edipiana de Rod Taylor com sua mãe (Jessica Tandy). Em Sinais, Mel Gibson faz o padre que abandonou a batina após a morte da mulher num acidente. Ele vive numa fazenda com o casal de filhos e o irmão, que também fracassou na carreira esportiva, embora tivesse grande potencial. O universo desses estropiados emocionais começa a mudar quando surgem os ´signs´ a que se refere o título. A plantação de milho, localizada a poucos metros da casa, exibe aquelas marcas cuja compreensão escapa aos personagens. Sinais iguais àqueles começam a pipocar pelo país e pelo mundo e, logo, surge a evidência de que os alienígenas, de novo, estão entre nós. No momento mais intenso do drama, a família briga à mesa e termina unindo-se num abraço desesperado. Existem os sinais, portanto, e eles vão alimentar as especulações dos que vivem procurando a evidência de contatos com seres de outros planetas. Os ETs, é claro, são do mal, até porque Hollywood tem o hábito de recorrer a alienígenas para expressar na tela velhas fobias persecutórias do povo americano. Shyamalan não está muito interessado em discutir o contato com o mundo externo. O contato que lhe interessa é o do homem com Deus é a resolução dos problemas familiares. Mel Gibson procura sua redenção e a consegue, dentro daquele velho procedimento que consiste em acreditar que a melhor defesa é o ataque. Posto que o alienígena é do mal, a solução é o porrete, que o irmão do herói empunha em nome de Deus, numa perversa legitimação da guerra santa que a sociedade americana acusa nos árabes, por exemplo, mas também desenvolve ao outro, ao estranho. Até o que parecia ser um handicap negativo (a asma do garoto), vira um sinal de Deus. Não vale a pena dizer qual é o final, mas não exatamente pelo mesmo motivo que o diretor pedia que não se revelasse o desfecho de O Sexto Sentido. Alguém duvida que um filme com Mel Gibson, mesmo criando um personagem diferente em sua carreira - o homem que duvida -, possa ter outro desfecho? O aspecto mais curioso de Sinais, para o espectador brasileiro está num detalhe que não é irrelevante. O ET aparece, pela primeira vez, no Brasil. Poderia ser em Varginha, mas é em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul e, sintomaticamente, numa festa de crianças. Elas falam português, mas o horror do irmão do (ex)padre, Joaquin Phoenix, vem expresso num castelhano tão estropiado quanto seus sentimentos. Antes, podia se achar que era ignorância - o Brasil, capital Buenos Aires. Hoje talvez seja mais certo acreditar numa razão de mercado. Serviço - Sinais(Signs) - Suspense.Dir. M. Night Shyamalan. EUA/2002. Dur. 106 min. 12 anos

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.