Chega melhor e mais sombrio "Harry Potter"

O Prisioneiro de Azkaban, terceiro filme da franquia Harry Potter, é o melhor de todos

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Por Agencia Estado
Atualização:

Vamos logo esclarecendo que o terceiro filme da franquia Harry Potter é o melhor de todos. Escudado no que que lhe disse a escritora J.K. Rowling e que foi entendido por ele como um ´liberou geral´ - "Ela me autorizou a ser fiel mais ao espírito do que à letra do livro", disse Alfonso Cuarón à revista Premiere -, o diretor mexicano faz uma boa estréia na série Harry Potter. O terceiro filme da franquia, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, que toma de assalto 500 salas de todo o País - quase um terço do o circuito exibidor nacional -, nesta sexta-feira, é superior aos dois anteriores, mas isto, francamente, com o respeito dos fãs, não quer dizer muita coisa. Talvez seja mais adequado dizer que é o primeiro filme legal de Harry Potter. Só tietes de carteirinha da saga do bruxinho de Hogwarts podem gostar incondicionalmente de Harry Potter e a Pedra Filosofal e Harry Potter e a Câmara Secreta. Ambos foram assinados - melhor seria dizer assassinados - pelo lisérgico Chris Columbus, que sabe ganhar dinheiro, mas não contar boas histórias. Columbus gastou três horas intermináveis para contar a história de O Homem Bicentenário, que o escritor Isaac Asimov concentra em meia dúzia de páginas, se tanto. No caso dos dois primeiros Harrys Potter, ele se beneficiou enormemente do culto que o público jovem de todo o mundo devota aos livros, que em pouquíssimo tempo, renderam à escritora a fortuna colossal de quase meio bilhão de dólares. Nada mau para quem, ao ser abandonada pelo marido, chorava com medo de não conseguir dar de comer ao filho pequeno. Os fãs nem se importam se os filmes são bem ou mal narrados. O que eles querem é ver na tela os personagens e as situações amadas dos livros. Como Columbus, mesmo que canhestramente, forneceu os dois, o público adorou e fez da série Harry Potter uma das mais bem-sucedidas dos últimos tempos. A Fox e a Paramount uniram-se para fazer Titanic, que arrebentou em 1997, a Columbia ganhou rios de dinheiro com o primeiro Homem-Aranha e o segundo vai esperar passar a febre Harry Potter para estrear, em julho, mas a companhia que mais tem faturado em Hollywood é a Warner, com três séries recordistas de público - Matrix, Harry Potter e a melhor de todas, O Senhor dos Anéis. Desde o início comentava-se que Chris Columbus dirigiria só os dois primeiros filmes e, para o terceiro, seria escalado um diretor latino. A escolha de Alfonso Cuarón pode ser explicada em parte por sua afinidade com o universo infantil, já que ele realizou em Hollywood, em 1995, a sua versão de A Princesinha, atualizando o clássico de Frances Hodgson Burnett. A fama do diretor, de qualquer maneira, vem de E Sua Mãe também, que arrebentou no mercado americano (e conquistou espectadores em todo o mundo). É bem viável uma ponte entre E Sua Mãe também e O Prisioneiro de Azkaban. Desde o ano passado, quando o repórter esteve nos estúdios da Industrial Light and Magic, em São Francisco, e pôde ver algumas imagens do filme, podia-se prever que O Prisioneiro de Azkaban seria o mais sombrio e assustador dos três filmes de Harry Potter. O personagem está agora com 13 anos, em plena pré-adolescência. Possui toda a energia do mundo, a libido começa a aflorar e o mais importante é que Harry Potter, mais do que nunca, está ´assim´ - imagine uma distância mínima - de desvendar o nó górdio de sua vida, ou seja, o assassinato de seus pais. Essa crise de identidade, a proximidade da morte e a idéia do tempo é que aproximam os dois filmes recentes de Cuarón. De volta a Hogwarts, Harry descobre que o sinistro Sirius Black está à solta. Ele recebe mais de um aviso de que o cara está ligado à morte de seus pais e virá atrás dele para liquidá-lo. A rotina da escola de bruxos é quebrada em função da proximidade desse vilão anunciado, mas cuja presença revela novos desdobramentos da trama primal. Harry Potter desvenda o mistério do assassinato, mas isso não resolve o problema nem elimina o perigo que Lorde Voldemort continua representando para ele. De todos os filmes, curiosamente, mesmo sendo o mais fascinante, o terceiro é o mais inconclusivo, assumindo-se como intermediário na série. O Prisioneiro de Azkaban pode ter censura livre, mas não se destina às criancinhas. Os baixinhos poderão assustar-se com os dementadores, que guardam a prisão de Azkaban e se postam em todas as entradas e saídas de Hogwarts, dispostos a prender Sirius, mas são incapazes de discernir o fugitivo de qualquer dos bruxinhos. Uma parte da trama é complicada - quando o trio de amigos, Harry, Hermione, que confirma seu status de bruxinha inteligente, e Ron, viaja no tempo e consegue olhar as próprias ações, como um filme dentro do filme. Emma Thompson é impagável numa boa como adivinha dentuça (e desastrada). O bom é que O Prisioneiro de Azkaban, com os defeitos que possa ter, tem magia e isto é mais do que se pode dizer dos filmes anteriores. Serviço - Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban(Harry Potter and the Prisoner of Azkaban, EUA/2004, 136 min.)Aventura.Dir. Alfonso Cuarón. Com Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Emma Thompson.

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