A diretora paulista Laís Bodanzky (Bicho de Sete Cabeças) aposta no charme nostálgico dos bailes à moda antiga em seu segundo filme, Chega de Saudade, que estréia em circuito nacional nesta sexta-feira, 21. Veja também: Trailer de 'Chega de Saudade' Ouça trecho de 'Você Não Vale Nada' Vencedor de três prêmios no Festival de Brasília 2007, Chega de Saudade usa uma locação real, o clube União Fraterna, no bairro paulistano da Lapa, como cenário de sua história. Ali, Laís Bodanzky monta o espaço vital em que se movem diversos personagens, como o velho casal Alice e Álvaro (Tônia Carrero e Leonardo Villar), cheio de mágoas, mas também de ternura, e a jovem Bel (Maria Flor) que se entusiasma com a lábia do malandro de salão Eudes (Stepan Nercessian), para desespero de Marquinhos (Paulo Vilhena), o namorado ciumento dela. Há também a madura e sensual Elza (Betty Faria), uma solitária aflita que ama um homem casado, e o garçom Gilson (Marcos Cesana), que tudo vê e acode como um anjo da guarda sempre em missão. Todas essas histórias desenrolam-se ao longo de uma única noite, na qual se tocam todos os ritmos dançáveis, do samba ao tango. Em cena, estão os cantores Elza Soares e Marku Ribas. Para o sucesso do projeto, recorreu-se ao produtor musical BiD, pesquisador de música brasileira antiga e nova. Os atores tiveram preparação com Sérgio Penna. A coreografia ficou a cargo do bailarino J.C.Violla. Raras vezes se vê tamanha e tão sincera exibição das rugas e marcas de expressão de atores maduros, revertendo o padrão dominante na publicidade, sempre voltada à perfeição de jovens modelos. A câmera do filme (mais um belo trabalho de fotografia de Walter Carvalho) procura, ao contrário, a verdade das pessoas comuns, para quem o tempo passa sem apelação e quase sempre sem a possibilidade do recurso às plásticas. Pelo menos no Festival de Brasília, a receita deu muito certo. Ao final da sessão inaugural do filme, no Cine Brasília, em novembro, vários espectadores dançavam animadamente no final da sessão.