Chacretes voltam ao 'roda, roda e avisa'

Pré-estreia de 'Alô, Alô Terezinha' teve show de Biafra, abacaxi, polenta frita, bolinho de queijo e cerveja

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Por Rodrigo Martins
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São Paulo - O lugar era uma Biroska. Com 'K' mesmo. Enfileiradas em uma escada de madeira de uma balada popular no centro de São Paulo, Sandra Mattera, Dalva Cabelos de Fogo, Verinha Furacão, Rita Cadillac, entre outras Chacretes populares das décadas de 60 a 80, balançavam os dedinhos ao som de "Roda, roda, roda e avisa." O público, que lotou o espaço decorado com roupas de Dercy Gonçalves, Cauby Peixoto e Wanderley Cardoso, se revezava entre cliques com a câmera digital e dentadas em batata frita, bolinho de queijo e polenta, que eram regados a cerveja.

 

A pré-estreia do documentário Alô, Alô Terezinha tentou reproduzir a bagunça que Chacrinha fazia em seu programa de TV. O Reserva Cultural colocou o filme em cartaz nas quatro salas simultaneamente. Na entrada, já dava para perceber o que viria pela frente: na lista vip, Aguinaldo Timóteo, Biafra, Abacaxi... Depois do filme, rolaria uma balada "open bar" no tal bar "Biroska". Na caixa de som, rolava hits como Eu Não Sou Cachorro Não, Mon Amour Ma Bien Ma Femme,Pare de Tomar a Pírula (SIC), etc.

 

Havia imprensa para tudo quanto é lado no saguão do Reserva Cultural. As Chacretes eram as mais requisitadas. Rita Cadillac, a pedido do CQC, cortou e comeu um abacaxi em público. E ainda ofereceu ao repórter. Por todos os lados, cinquentonas e sessentonas louras repetiam os mesmos mantras em entrevistas: "É uma emoção muito grande" ou "O Chacrinha merecia esta homenagem". Uma queria aparecer mais do que a outra. Tanto que, pelo burburinho, a sessão, que começaria às 21h, acabou por iniciar às 22h.

 

Essa busca por voltar aos holofotes se refletiu nas telas logo que a sessão se iniciou. Alô, Alô Terezinha é mais um documentário sobre histórias bizarras de artistas da época e das Chacretes do que sobre o Chacrinha propriamente. Logo no início do longa, as dançarinas já fazem sua lista dos artistas com quem tiveram romance. Em certo momento, já mais "cheinhas' do que em seu auge, elas tiram a roupa, vestem os maiôs que usavam na época. A maioria dos cantores e calouros que deram seu depoimento, muitos deles esquecidos, faziam questão de mostrar como eram famosos na época.

 

No fim das contas, o documentário é sobre a decadência dos protagonistas de uma época. A caloura que venceu o concurso ainda tenta virar profissional, fazendo suas performances num videokê. A chacrete que ganha dinheiro cantando - e desafinando - na internet. O cantor Biafra que voltou a ser reconhecido nas ruas quando, ao gravar depoimento para o documentário, foi acertado por um parapente. Tanto é que, ontem, na Biroska, quando fazia show, a plateia pediu: "Canta voar, voar. Mas desta vez sem o balão."

 

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