CCSP faz retrospectiva da obra de Candeias

Mostra Candeias: o Cineasta dos (Des)Possuídos exibe até domingo filmes que marcaram a trajetória do diretor

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Por Agencia Estado
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Ozualdo Candeias, um dos grandes nomes do cinema brasileiro, ganha uma retrospectiva a partir desta terça-feira no Centro Cultural São Paulo. Na mostra Candeias: o Cineasta dos (Des)Possuídos, o público poderá assistir a filmes que marcaram a carreira do diretor como A Margem (1967), A Herança (1971) e A Opção ou a Rosas da Estrada (1981), entre outros. Por muito tempo, Candeias foi chamado de primitivista, adjetivo que nunca aceitou para definir sua obra. Na verdade, sua intenção sempre foi fazer um cinema marginal. A miséria tem uma função dramática em suas produções. Antes de se tornar cineasta, Candeias exerceu várias profissões, entre elas a de caminhoneiro, vaqueiro, fotógrafo, operário. O cinema entrou por acaso em sua vida. No fim da década de 50, comprou uma câmera de 16 milímetros. O que antes era diversão - filmar festas de casamento e reuniões de amigos - evoluiu até se tornar profissão. O primeiro longa-metragem que dirigiu foi A Margem, considerado pelos críticos seu melhor trabalho. Ambientado às margens do Rio Tietê, na cidade de São Paulo, retrata o drama dos excluídos da sociedade alternando uma câmera objetiva e outra subjetiva. Em A Herança, Candeias fez uma interpretação pessoal da obra de Hamlet, de Shakespeare. Em A Opção ou as Rosas da Estrada (1981), Candeias mostra a falta de opção social de personagens que, fugindo da miséria no meio rural, migram para a cidade, onde viverão a tragédia do submundo urbano. O filme é em preto-e-branco e mostra mulheres de diversas regiões geográficas que acreditam que no progresso representado pelo asfalto há um outro país a ser descoberto. O filme O Vigilante, vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Brasília de 1992, mostra a história de cortadores de cana que vêm para a cidade grande com o sonho de crescer na vida e gravar um disco com suas cantigas. Mais tarde, um deles se torna vigilante e também justiceiro. Candeias recusou-se a dirigir filmes de pornochanchada, mesmo quando muitos diretores filmaram para sobreviver. Apesar de afirmar que o apelo sexual atraia o público aos cinemas e não os temas que filmava, o diretor nunca mudou seu estilo. Sempre filmou em situações precárias e retratou com freqüência a marginalidade, a situação da mulher, as profissões humildes e desconhecidas. A mostra Candeias: o Cineasta dos (Des)Possuídos termina no domingo, dia 23 de julho.

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