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CCBB do Rio apresenta retrospectiva de Paulo José

Começa no Centro Cultural Banco do Brasil retrospectiva completa da obra de cinema do ator, que vai mostrar 30 filmes Veja a programação no site do CCBB

Por Agencia Estado
Atualização:

É tempo de reverenciar Paulo José. Começa hoje, no Rio, em presença dele, no Centro Cultural Banco do Brasil, uma retrospectiva completa de sua obra de cinema - 40 anos! -, que vai mostrar 30 filmes. O evento vai viajar por São Paulo e Brasília. Aqui, estréia dia 20, no CCBB, estendendo-se até 2 de outubro. Paulo José começou ator de teatro no Rio Grande do Sul, em Bagé e Porto Alegre, onde também freqüentava as sessões do Clube de Cinema presidido pelo lendário P.F. Gastal. Integrou-se ao Arena, em São Paulo e, em 1964, estreou no cinema pela mão de Joaquim Pedro de Andrade, substituindo o ator Luis Jasmin, inicialmente escolhido para ser o protagonista daquele negro amor de rendas brancas que Carlos Drummond de Andrade transformou em poema e virou filme, O Padre e a Moça. Ao teatro e ao cinema, Paulo José somou depois a TV. E nunca ficou numa só função. No teatro, foi cenógrafo e figurinista. No cinema, foi também produtor. E, na TV, assumiu a direção de projetos importantes (minisséries e especiais da Globo), tudo isso sem deixar de atuar. Agora mesmo, está em Belo Horizonte, ensaiando o novo espetáculo que dirige para o grupo Galpão, Homem por Homem, cuja origem é Bertolt Brecht. Nos últimos anos, ele tem convivido com a doença (o Mal de Parkinson), mas ela nunca o paralisou, como também não paralisou um ícone da cultura americana, a grande Katharine Hepburn. A doença, que mantém sob controle, talvez o aproxime ainda mais de nós, o seu público. Pois Paulo José, de alguma forma, foi sempre a representação do brasileiro médio, aquele com o qual o público pode se identificar no escurinho do cinema. Até hoje, existem espectadores que ainda o identificam como o Paulo de Todas as Mulheres do Mundo, de Domingos Oliveira, no qual ele (como todos os homens do mundo) era apaixonado por Leila Diniz. Paulo e Macunaíma. Dois personagens dos míticos anos 60, dois papéis em filmes ligados a diferentes tendências do cinema brasileiro. Joaquim Pedro foi um dos arautos do Cinema Novo, Domingos trilhou outros caminhos - o filme de amor, a comédia urbana. Paulo José filmou três vezes com Joaquim (ainda fizeram O Homem do Pau Brasil) e outras três com Domingos (contando-se Edu, Coração de Ouro e A Culpa). Ele trabalhou também com Walter Hugo Khouri (As Amorosas), Roberto Santos (O Homem Nu), Hector Babenco (O Rei da Noite), Luis Sérgio Person (Cassy Jones, o Magnífico Sedutor), José Roberto Torero (Amor) e Maurício Gomes Leite (o maravilhoso e pouco conhecido A Vida Provisória, que precisa ser redescoberto). Ainda produziu Os Vivos e os Mortos, de Ruy Guerra, quando era casado com a atriz Dina Sfat. Mais recentemente, foi visto em Benjamin, de Monique Gardenberg, adaptado do romance de Chico Buarque. Na TV, dirigiu as minisséries Agosto, Memorial de Maria Moura e Incidente em Antares, formatou o Você Decide e colheu um grande triunfo pessoal como o alcoólatra da novela Por Amor, de Manoel Carlos. Com um passado tão glorioso, poderia ser um nostálgico. Não é. "Sou um homem do presente", costuma dizer. Por isso mesmo, não pára de nos surpreender, sempre.

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