Catherine e Gere promovem "Chicago"

A atriz Catherine Zeta-Jones que se prepara para ser mãe pela seunda vez, fala do desgaste físico para fazer o musical, enquanto Richard Gere admite que não é um cantor e dançarino nota 10

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Por Agencia Estado
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A história é antiga, mas vale lembrá-la. Nos anos 1950, ao ser apresentado à atriz Virgina Mayo, o sultão de Brahrein disse que ela era a prova viva da misericórdia de Alá, que havia enviado para a alegria dos homens uma pessoa tão perfeita. Virginia era loira e reinava no cinema de aventuras de Hollywood. Catherine Zeta-Jones é morena, mas também tem o rosto meio anguloso e é outra prova viva da misericórdia de Alá. Essa mulher é linda, mas não é só a beleza do rosto, há uma luz que emana dela, que se prepara para ser mãe pela segunda vez. Houve um instante de constrangimento durante a coletiva de Chicago, na quinta-feira. Um jornalista italiano depois de tecer loas a Catherine perguntou como uma mulher como ela podia estar casada com um velho - e ele disse mais, um bagaço - como Michael Douglas. Ela preferiu não comentar. Hoje, Catherine achou graça do episódio, mas admitiu, para a reportagem, que, na hora, o sangue ferveu. Ela detesta a invasão de privacidade praticada por uma certa imprensa. Mas está aqui em Berlim, com uma agenda lotada de entrevistas, para promover o filme de Rob Marshall, Chicago, que abriu oficialmente o 53.º festival. Foi desgastante fazer um filme tão físico, no qual ela canta e dança, mas valeu a pena. Ela está orgulhosa do resultado. Richard Gere também. As entrevistas foram realizadas em suítes diferentes do Four Season Hotel, encravado no centro de onde era Berlim Oriental. Gere chegou atrasado, Catherine foi pontual. Mas ele se desculpa e você acredita que esteja realmente sentido por isso. Gere também adorou fazer o filme de Rob Marshall, mas confirma que, no início, hesitou porque achava que era impossível transpor o show da Broadway para o cinema. "Você viu?", ele pergunta. "É inadaptável." E aí veio esse diretor estreante e fez uma bela adaptação. "Rob solucionou o problema. Ao transformar os números em projeções da mente de Renée (Zellweger), ele permitiu manter a teatralidade que é intrínseca ao projeto, sem a qual Chicago não funcionaria na tela." Cantar e dançar pode ser um problema, mas Gere acha que, no cinema, a câmera capta os olhos dos atores, que falam diretamente para os olhos do espectador. "Não tenho a pretensão de ser tão bom cantor e dançarino como os chorus boys; o importante é ser sincero, passar uma verdade para o público. Se consegue, você não precisa ser um cantor e dançarino nota 10. Eu não sou." Deu duro, uma vez aceito o desafio. "Treinei muito para fazer aquele sapateado", confessa. Impossível falar com Richard Gere sem tratar de temas como espiritualidade e seu compromisso com a causa do Tibete. Ele acha que não é difícil conciliar a espiritualidade com a fama ou o outro salário que ganha. Usa como metáfora a taça de chá à sua frente. ´Minha espiritualidade não é isso, que eu tenho de proteger, de colocar numa redoma. A espiritualidade é tudo, o sorriso das crianças, o choro, a vida, enfim, como ela é." Não vê problemas em usar um terno Armani e desembarcar de uma Mercedes na frente do Palast, o palácio do festival. "O importante é não ficar preso a essas coisas materiais." Acha que a paternidade mudou sua vida ainda mais do que a descoberta do budismo. Há 25 anos é amigo do dalai-lama e apóia a causa do Tibete. Virou persona non grata na China, por causa disso. Acha que o problema do mundo é a acumulação consumista, claro, mas também a violência. "Golda Meir disse uma coisa muito importante, certa vez: não haverá paz enquanto não amarmos nossos filhos como odiamos nossos inimigos." Não podemos sacrificá-los em nome do ódio contra o outro. Lembra que teve uma namorada gaúcha e, há tempos, esteve em Porto Alegre. Sabe do Fórum Mundial Social, que lá se realizou. Revela que chegou a pensar em ir a Porto Alegre. Gostaria de ir também a Davos, por que não? "Se você prestar atenção, verá que os discursos são basicamente os mesmos. O problema é que os poderosos em Davos são excludentes. Só querem proteger seus direitos. Enquanto não houver tolerância e compreensão pelo outro não haverá paz." O que puder fazer, como astro, para promover a paz e o entendimento, ele garante que fará.

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