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Carla Camurati redescobre o encanto de Copacabana

Estréia nesta sexta-feira o terceiro e mais caro e arrojado filme de sua trajetória como diretora, Copacabana, estrelado por Marco Nanini

Por Agencia Estado
Atualização:

Carla Camurati chega ao terceiro longa-metragem em seis anos, Copacabana, que estréia amanhã, e já está escrevendo o quarto. O triunfo da cineasta, que vem de carreira vitoriosa como atriz, é espantoso porque, já em sua estréia - com a chanchada histórica Carlota Joaquina - ela arrebentou a boca do balão. Depois, dirigiu o delicado e bem-humorado La Serva Padrona, ópera filmada. Agora chegou a hora de Copacabana, seu projeto mais arrojado e caro (R$ 2,7 milhões; ante R$ 690 mil de Carlota e R$ 350 mil da Serva). Agência Estado - Qual será a estratégia de lançamento de "Copacabana"? Carla Camurati - Muito parecida com a de Carlota Joaquina. Vamos começar com poucas cópias: seis em São Paulo, cinco no Rio e duas em Brasília. Serão 14 no total. Se der certo vamos aumentando e chegando a outras praças. No final, calculo que não ultrapassaremos as 45 cópias de Carlota Joaquina. O que foi o ponto de partida de Copacabana? A descoberta da origem andina de Nossa Senhora de Copacabana ou o desejo de contar a história de seu avô, que era confeiteiro do Copacabana Palace? Esses dois temas vieram depois. Primeiro, o que me motivou foi o grande número de pessoas idosas em Copacabana. Tenho uma tia-avó que mora num prédio de dez andares no bairro. Um morador por andar. Todos os proprietários dos apartamentos são idosos. Tudo isso foi me motivando. Na fase de pesquisa, descobri que eu, uma carioca legítima, não sabia nada sobre Copacabana. Não sabia que uma santa de feições indígenas, vinda de Copacabana, cidade boliviana, batizara o bairro mais famoso do Rio. A história do meu avô confeiteiro se agregou depois ao material. E só agora, na fase de lançamento do filme, descobri que Copacabana é o bairro, no mundo inteiro, que mais tem gente da terceira idade. E os velhos que vivem lá são alegres e saudáveis, chegados num calçadão, em caminhadas e praia. Você foi à Bolívia buscar informações sobre Nossa Senhora de Copacabana? Chegou a procurar filmes nos arquivos da Cinemateca de La Paz? Fui quatro vezes à Bolívia. Duas na fase de pesquisa do roteiro, uma na pré-produção e uma durante a filmagem. A procissão que aparece no filme é autêntica. Filmamos no Santuário de Nossa Senhora de Copacabana, às margens do Lago Titicaca. Como você selecionou o elenco? Há atores famosos e muito conhecidos como Marco Nanini, Laura Cardoso e Walderez de Barros, que se somam a outros, famosos no teatro como Camila Amado. Há atores quase esquecidos como Ilka Soares e Renata Fronzi. E há nomes totalmente desconhecidos. O personagem Alberto, o protagonista, foi pensado para Nanini, que fez d. João VI em Carlota e é um ator maravilhoso. A maioria dos atores foi pensada enquanto eu escrevia o roteiro: Laura Cardoso, Walderez de Barros, Myrian Pires, Ida Gomes, Rogéria que faz ela mesma... "Carlota Joaquina" é uma comédia rasgada. "Copacabana" é uma comédia mais contida. Você mesma fala em "comédia filosófica". É uma comédia poética. Mas há momentos em que até me excedi, acho. Cometi brincadeiras que quase me levaram ao arrependimento. "Chanchei" mesmo. E o fiz porque sou uma palhaça. Vejo a vida com muito humor, com deboche. Até nos piores momentos , prefiro o riso ao choro. Na hora da desgraça, em vez de chorar, de me descabelar, eu rio. Quantos espectadores você espera para "Copacabana"? Trata-se de incógnita total. Impossível prever. Só espero que o público de todas as idades assista ao filme. Não podemos curtir a juventude como se ela fosse a única fase de nossas vidas que interessa. Copacabana. Comédia. Direção de Carla Camurati. Br/2001. Dur.: 90 min. 12 anos.

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