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Cannes surpreende e premia "Elephant"

As apostas indicavam Dogville como favorito, mas o júri do evento preferiu dar a Palma ao filme do americano Gus Van Sant

Por Agencia Estado
Atualização:

O diretor Gus Van Sant saiu vitorioso da 56ª edição do Festival de Cannes, o principal festival cinematográfico em todo o mundo. O filme Elephant, que retrata a violência escolar nos Estados Unidos, foi escolhido para levar a Palma de Ouro, o prêmio mais importante do festival, e o diretor Van Sant ganhou como melhor diretor. O filme Elephant, do mesmo diretor de Drugstore Cowboy e do remake de Psicose, concorria com estréias barulhentas como Dogville, de Lars Von Trier, com Nicole Kidman, Pai e Filho, de Sokurov e Carandiru, de Hector Babenco, entre outros. O ganhador da Palma de Ouro, no entanto, não foi aclamado pelo público. Quando estreou no festival, no domingo passado, foi recebido com frieza pela platéia. O tema do filme é o massacre de Columbine, quando dois adolescentes arrumaram armas e trucidaram vários colegas e funcionários da escola onde estudavam - tema que rendeu o Oscar de documentário a Tiros em Columbine, de Michael Moore. Cannes 2003Palma de Ouro: Elephant, de Gus Van Sant Grande Prêmio: Uzak, de Nuri Bilge Ceylan Prêmio do Júri: Às Cinco da Tarde, de Samira Makhmalbaf Diretor: Gus Van Sant Ator: Muzaffer Ozdemir e Mehmet Emin Toprak Atriz: Marie-Josee Croze Roteiro: A Invasão dos Bárbaros Camera d´Or: Reconstrução Curta: Cracker Bag A decepção do público talvez venha tanto do excesso de expectativa como da frieza com que Van Sant desenvolve seu tema. Ele começa por apresentar seus personagens em longos planos-seqüência, com uma estrutura narrativa circular, em que a mesma cena é reevocada de vários pontos de vista. Não há construção psicológica dos personagens ou ela é superficial. Em entrevista, Van Sant diz que não procurou explicar a motivação do crime. "Deixei essa interpretação a cargo do espectador." Vem daí o título estranho: ele remete a uma antiga história de quatro cegos que apalpam um elefante e o descrevem de quatro modos diferentes. Premiados - Distante, filme turco do diretor Nuri Bilge Ceylan, ficou com o Grande Prêmio o Júri, considerado o segundo lugar do festival. Distante levou também o prêmio de melhor ator, para Muzaffer Ozdemir e Mehmet Emin Toprak. Toprak morreu em uma cidente de carro logo após saber que o filme em que atuava fora classificado para Cannes. Ozdemir é arquiteto profissional e não ator. O prêmio de melhor roteiro foi para Denys Arcand, do filme A Invasão dos Bárbaros. Marie-Josee Croze, também de A Invasão dos Bárbaros, foi escolhida a melhor atriz. O prêmio do júri foi para Às Cinco da Tarde, da iraniana Samira Makhmalbaf. O filme - cujo título é inspirado em um poema de García Lorca, é sobre uma afegã que sonha em se tornar a primeira mulher a assumir a presidência de seu país. Reconstrução, do dinamarquês Christoffer Boe, venceu o Camera d´Or, um prêmio de melhor filme para diretor debutantes. O prêmio para melhor curta-metragem foi para o australiano Glendyn Ivin por Cracker Bag. Brasil - O Brasil, que concorria com o filme Carandiru, de Hector Babenco, e com os atores Clara Choveaux e Thiago Teles, pelo filme Tiresia, ficou de fora da premiação.

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