Cannes ovaciona Clint Eastwood

O policial Mystic River foi longamente aplaudido pelo público do festival francês. Já o novo do russo Alexander Sokúrov foi recebido com frieza

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Por Agencia Estado
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Clint Eastwood não é o único americano em Cannes 2003. Vincent Gallo e Gus Van Sant também disputam a Palma de Ouro. Mas o mítico diretor e ator de Os Imperdoáveis leva ao festival francês o único autêntico representante de Hollywood. Trata-se de Mystic River, um dos raros filmes que ele dirige sem reservar a si próprio um papel como ator. O filme foi apresentado hoje e entusiasmou a platéia do festival, que o aplaudiu longamente. Mystic River é um filme policial de rara elegância, ainda que aborde temas duros como pedofilia e violência juvenil. Conta a história de três garotos, um dos quais é raptado por uma quadrilha de pedófilos que o submetem a todo tipo de humilhação. Os astros Sean Penn, Kevin Bacon e Tim Robbins interpretam os meninos na fase adulta, ainda amigos. O passado volta à tona quando a filha de um deles é brutalmente assassinada. Os franceses reverenciam Eastwood como poucos no mundo. O ator é antigo freqüentador de Cannes, embora nunca tenha levado a Palma. Já disputou o prêmio por O Cavaleiro Solitário, de 85, Bird, de 88, e Coração de Caçador, de 90, e até presidiu o júri do evento. Foi em 1994, ano em que Pulp Fiction - Tempo de Violência sagrou-se vencedor. Embora a imprensa aponte Dogville, com Nicole Kidman, como o mais forte candidato à Palma, premiar Eastwood pode ser uma opção bastante confotável, que tanto coroa o trabalho do diretor como marca posição em relação às conturbadas relações diplomáticas entre Estados Unidos e França. Nem vaias, nem aplausos - Hoje também foi dia de conferir o novo filme do russo Alexander Sokúrov, de Arca Russa e Moloch. Em Pai e Filho, o diretor retoma o minimalismo do início de sua carreira para abordar a relação entre, como o título indica, pai e filho, mas à beira da patologia. É a segunda parte de uma trilogia sobre as relações familiares. Foi tratada com respeito pelo público de Cannes, mas não impressionou. Ao final da sessão, nem vaias nem aplausos: silêncio absoluto.

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