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Cannes: 'Ocidente não entende nada sobre o islã', diz Tarik Saleh

Diretor sueco disputa a Palma de Ouro no festival com 'Boy From Heaven'

Por AFP
Atualização:

"O Ocidente está obcecado pelo islã e, ao mesmo tempo, não entende nada sobre essa religião", afirmou o diretor sueco Tarik Saleh, filho de pai egípcio, cujo filme, Boy from heaven, disputa a Palma de Ouro.

Tarik Salehdurante coletiva de imprensa no Festival de Cannes em 21 de maio de 2022 Foto: Joe Maher/EFE/EPA

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Quase cinco anos depois de O incidente no Nile Hilton, o cineasta de 50 anos volta com um thriller político-religioso que denuncia o viés autoritário do presidente egípcio, Abdel Fattah al Sisi, e mergulha no mundo do islã sunita.

Uma abordagem que remete a O nome da rosa, romance adaptado para o cinema ambientado em uma abadia da Idade Média.

Coincidência? "Estava relendo este livro e me perguntei: 'E se contasse uma história deste tipo, mas no contexto muçulmano?'", lembrou o diretor em entrevista no sábado à AFP.

O filme documenta com precisão as doutrinas, opostas, desta corrente majoritária do islã, e oferece aos espectadores um olhar, do lado de dentro, de um mundo pouco conhecido.

"Acredito realmente que o Ocidente não entende nada do islã", insistiu Saleh, explicando ter uma relação "pessoal" com esta religião.

Assim como O incidente no Nile Hilton, rodado no Marrocos, Boy from heaven não pôde ser filmado no Egito, mas sim na Turquia.

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"Não voltei ao Egito desde 2015, nas filmagens de O incidente no Nile Hilton e os serviços de segurança egípcios nos mandaram deixar o país. Desde então, sou um indesejável que, se colocar um pé em solo egípcio, será detido sem dúvida", assegurou.

Embora seja uma ficção, o filme tem uma base autobiográfica.

"De alguma forma, este filme é uma carta de amor ao Egito e uma homenagem a meus avós", destacou o diretor.

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