PUBLICIDADE

Cameron Diaz estrela drama sobre Maio de 68

Por Agencia Estado
Atualização:

Nada mais distante de Da Magia à Sedução do que Uma História a Três, mas o filme que Adam Brooks escreveu para Sandra Bullock e Nicole Kidman compartilha com a obra de estréia do roteirista na direção a mesma vontade de falar sobre o universo das irmãs. A ambição, porém, é diferente. Da Magia à Sedução apostava no fantástico e era uma comédia bobinha, embora eventualmente simpática, graças às atrizes. Uma História a Três continua falando de irmãs, mas substitui a magia por um enfoque mais político. Pode até nem ser bom de verdade, mas é, com certeza, interessante. Diga - qual foi o último filme americano que você viu sobre o mítico Maio de 68, sobre os sonhos daquela geração que quis mudar o mundo? É sobre isso que fala Uma História a Três. O filme é assombrado pela presença de Cameron Diaz, mas que ninguém espere outro Casamento do Meu Melhor Amigo ou outro Quem Vai Ficar com Mary? Cameron é Faith e logo no começo o espectador fica sabendo que ela foi para a Europa e nunca mais voltou. Sua morte é um mistério que intriga a irmã mais nova, Phoebe, interpretada por Jordana Brewster. Guarde o nome. Jordana tem potencial. E é a nova contribuição brasileira para Hollywood, filha de mãe brasileira, uma modelo, e pai americano, um banqueiro. Quando o filme começa, Phoebe resolve partir, refazendo, na Europa, os passos da irmã, tentando saber as circunstâncias da sua morte - o seu suicídio - em Portugal. Faith partiu com o namorado, Wolf. Phoebe reencontra-o em Paris, mas não mais como Wolf e sim como Christopher, como o ator Christopher Eccleston, que interpreta o papel. Christopher mudou. Preocupa-se com Phoebe, toma-a sob sua proteção e, eventualmente, faz dela sua amante, iniciando-a no sexo. A viagem iniciática é permeada de flash-backs que reconstituem o que realmente ocorreu com Faith. Ela queria mudar o mundo e só os reacionários, naquele maio inesquecível, não sonhavam com um mundo melhor, mais humano, mais igualitário. Protestar, fumar maconha não eram suficientes para expressar a vontade de mudança de Faith. Em Berlim, ela se junta a um grupo radical. Falha e é a sua tragédia. No caminho sem volta que resolveu percorrer, Faith tenta de novo. Christopher, que ainda é hippie, a chama de terrorista. Ela retruca - revolucionária. Uma revolucionária que não resiste à perda de suas ilusões. O grande risco de um filme como esse, numa época como a atual, com a sua ideologia do individualismo e da despolitização, era cair no reacionarismo. Brooks evita essa armadilha, mas desloca o eixo de Faith para a irmã. Phoebe aprende com os erros da irmã. Descobre quanto a relação para o pai foi prejudicial para Faith, que criou um mito do artista morto pelo sistema porque era forçado a se mediocrizar, trabalhando numa fábrica para sustentar a família. No final, Phoebe está madura, preparada para a vida e ainda dialoga com a mãe. Decididamente, não é perda de tempo acompanhar a história dessas irmãs. Uma História a Três (The Invisible Circus) Drama. Dir. Adam Brooks. EUA/2000. Dur. 98 min. 12 anos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.