"Bridget Jones" marca ascensão de Renée Zellweger

A americana que engordou 10 quilos para fazer a personagem inspirada no livro da jornalista Helen Fielding foi premiada pela Miramax com um papel em Chicago

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Por Agencia Estado
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Quando as devotadas leitoras inglesas começaram a ouvir rumores de que o livro O Diário de Bridget Jones, da jornalista Helen Fielding, ia ganhar uma versão cinematográfica, ninguém poderia imaginar que a loiríssima e magérrima atriz americana Renée Zellweger ficaria com o papel. Uma trintona solteira, neurótica e obcecada pelo consumo diário de calorias, cálices de chardonnay e cigarros parecia ser um papel talhado para Kate Winslet, a protagonista de Titanic, ou Minnie Driver, de Gênio Indomável. A imprensa inglesa via Helena Bonham Carter como Bridget. Mas os produtores chegaram até a conversar com a americana Cameron Diaz e a australiana Cate Blanchett. Sobrou para Renée, uma texana que é considerada um cruzamento de Lucille Ball com Carole Lombard. "Decidi bancar a ignorante e não saber das críticas", explica a atriz ao Estado. "Estava mais preocupada em entender a natureza da personagem", afirma. Para compor sua personagem em O Diário de Bridget Jones, filme que estréia hoje nos cinemas, Renée decidiu ganhar cerca de 10 quilos e não esconder a celulite, e muito menos os culotes, quando faz uma cena em que aparece de maiô preto. A atriz impressiona em sua caracterização no filme que não é muito fiel ao livro. No começo das filmagens, Renée tirou um dia de folga para ser fotografada para a revista de moda Harper´s Bazaar. Ela iria aparecer na capa da edição americana da publicação para promover um outro filme: A Enfermeira Bette, do cineasta Neil LaBute, que lhe rendeu um Globo de Ouro de melhor atriz de comédia e estréia em breve em São Paulo. Mas por causa dos contornos rechonchudos da atriz, a editora da revista decidiu sacrificar o ensaio, causando uma grande polêmica. "Só sei que as fotos de Patrick Demarchelier ficaram maravilhosas, mas eu aparecia mesmo voluptuosa em um vestido dourado", continua. O Diário de Bridget Jones reflete a ascensão de Renée em Hollywood. Desde que foi lançada ao sucesso como a namorada de Tom Cruise em Jerry Maguire - A Grande Virada, em 1996, que o nome dela vinha sendo avaliado. Em 98, ela ganhou boas críticas ao interpretar uma jornalista, filha de Meryl Streep, no drama Um Amor Verdadeiro (One True Thing). Dois anos mais tarde, se apaixonaria pelo ator Jim Carrey enquanto filmava a comédia dos irmãos Farrelly, Eu, Eu Mesmo e Irene. Na época em que se livrou das gordurinhas conquistadas para interpretar Bridget Jones, o romance já não existia mais. Para presenteá-la pelo sucesso de Bridget, o estúdio Miramax, que distribuiu o filme nos EUA, ofereceu a Renée um dos papéis principais de Chicago, musical de Bob Fosse, e ainda um hit na Broadway, a ser transposto para as telas no próximo ano. Toda vestida de Chanel e magérrima, a atriz conversou com a reportagem do Estado. Confira. Em sua detalhista caracterização de Bridget Jones, não ficou de fora nem a forma física dela: você chegou a ganhar 10 quilos. Como foi a construção dessa personagem? Renée Zellweger - Ganhar peso foi apenas uma pequena parte de minha caracterização. Mudei-me para a Inglaterra para entender a personagem culturalmente e socialmente. Para uma atriz, é um presente, além de criar um personagem, aprender com sua experiência de vida. Sua caracterização não tem limites do ridículo. Você aparece numa cena vestida de coelhinha, expondo toda a celulite. Como se soltou nesses momentos? Essa é a parte que mais gosto da personagem: o embaraço que ela sente em certas situações e como faz para sair delas. Senti uma grande responsabilidade para com Helen Fielding. A fim de legitimar essa caracterização, eu tinha mesmo que ir fundo. Queria que o físico dela refletisse o seu estilo de vida, pois parecia honesto para mim. A equipe era quase toda de homens e lá estava eu, quase seminua no meio deles. No começo, assim que terminava uma cena, gritava: "Joguem a toalha, por favor." Rapidamente, foi-se criando um clima de confiança entre aquelas pessoas e eu. Conseguiu se identificar com as obsessões de sua personagem? Consigo identificar-me com os dilemas dela. Não é por isso que esses livros são tão famosos internacionalmente? Muitas pessoas tendem a viver a partir da projeção da expectativa alheia ou calculam o sucesso de acordo como ele é projetado pela mídia e outras influências externas. Mas, no final das contas, enquadrar-se nesses requisitos não faz ninguém mais feliz. Tenho minha própria lista de obsessões. Com certeza, também tenho meus momentos superficiais. Em uma das cenas de "O Diário de Bridget Jones", contracena com o escritor Salman Rushdie. Como foi? Achei que seria prudente de minha parte não ficar sentada ao lado dele. (risos) Salman é divertido, encantador e, é claro, muito inteligente. Como reagiu à polêmica inicial da imprensa inglesa e dos fãs do livro que desaprovaram uma americana no papel de Bridget? Para mim foi um questão que tomou apenas dois minutos e meio de meu pensamento. Tentei bancar a ignorante e não saber das críticas. É claro que fiquei chateada, ainda mais com um jornalista que não vale um tostão furado escrevendo para o New York Times. Como americana, você se sentiu um peixe fora d´água no set londrino? Completamente. Como muitas americanas, estou sempre falando alto e ocupando muito espaço. Senti isso especialmente quando estava com Hugh, recatado e cavalheiro.

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