Brasil volta a Cannes com "Carandiru"

Filme de Hector Babenco foi selecionado para a disputa da Palma de Ouro, prêmio que o cinema nacional só conquistou uma vez, na década de 60, com O Pagador de Promessas

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Carandiru, de Hector Babenco, vai disputar a Palma de Ouro da edição 2003 do Festival de Cannes, que acontece de 14 a 25 de maio. O anúncio dos filmes da mostra competitiva foi feito hoje em Paris por Thierry Frémaux, diretor artístico do evento. São 20 títulos de 13 países. Além do longa brasileiro, aparecem os novos filmes de Lars von Trier (com Nicole Kidman), Clint Eastwood, Gus Van Sant, Peter Greenaway e Alexandr Sokurov, entre outros. Baseado no livro Estação Carandiru, de Drauzio Varella, sobre o cotidiano do extinto complexo penitenciário paulistano, o filme de Babenco é o primeiro a representar o Brasil na mostra competitiva de Cannes desde Estorvo, de Ruy Guerra, em 2000. Em toda a história do cinema nacional, apenas uma vez o Brasil levou a Palma de Ouro, com Anselmo Duarte e seu O Pagador de Promessas, em 1962. Carandiru vai a Cannes embalado pela boa bilheteria no Brasil. Fez a melhor estréia da história do cinema brasileiro (468.293 ingressos no primeiro fim de semana) e já acumula mais de 1,5 milhão de espectadores. Babenco é um velho conhecido do Festival de Cannes. Carandiru é sua terceira participação na mostra competitiva. Em 1998, concorreu com Coração Iluminado. Treze anos antes, já havia disputado a Palma com O Beijo da Mulher Aranha. Carandiru é a única produção latino-americana na mostra competitiva (Ce jour-là, do chileno Raúl Ruiz, é uma produção suíça), mas há ainda outros títulos do continente selecionados para as mostras paralelas, incluindo o curta brasileiro A janela aberta, de Philippe Barcinski, e o longa argentino Hoy y Mañana, de Alejandro Chomski. França e EUA - A França é o país com mais títulos em competição, um total de cinco, incluindo os novos de François Ozon (Oito Mulheres) e André Téchiné (Minha Estação Preferida). Os Estados Unidos aparecem atrás com três filmes. Além de Eastwood e Van Sant, o festival também selecionou The Brown Bunny, de Vincent Gallo. O cinema asiático chega com quatro títulos, dois do Japão, um da China e um do Irã. Agenda - Cannes vai abrir com um remake. A primeira sessão do festival, em 14 de maio, será de Fanfan La Tulipe, com Vincente Perez e Penélope Cruz nos papéis que foram de Gérard Philipe e Gina Lollobrigida na versão de 1952. A refilmagem tem direção de Gérard Krawczyk. Para fechar a mostra, a organização escolheu Charlie Chaplin. A cópia restaurada de Tempos Modernos, clássico de Chaplin sobre a vida na sociedade industrializada, será exibida no dia 25. Uma das grandes damas do cinema francês receberá este ano uma homenagem especial em Cannes. É Jeanne Moreau, atriz de Jules e Jim, Os Amantes e tantos outros clássicos da França. Jeanne Moreau ganhará um banquete em sua homenagem e um trofeu especial do Festival de Cannes. Seu último filme, Cet-Amour Là, está na programação. Além dela, o diretor italiano Federico Fellini também será homenageado pelos 10 anos de sua morte. Para Fellini, uma retrospectiva completa de seus filmes está na agenda do evento. Outros homenageados serão o produtor Daniel Toscan du Plantier e o diretor Maurice Pialat, mortos recentemente.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.