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Brasil quer exportar seu cinema

A exportação do cinema nacional será o foco das discussões do Fórum Mundial do Audiovisual, que ocorre em Porto Alegre paralelamente ao Fórum Social Mundial 2002

Por Agencia Estado
Atualização:

O Brasil deve ter uma política mais agressiva para vender seus filmes no exterior e, para isso, precisa se entender com outros países que lutam pela quebra da hegemonia de Hollywood. Esse será o foco do Fórum Mundial do Audiovisual, que ocorre em Porto Alegre no domingo e na segunda-feira, paralelamente ao Fórum Social Mundial 2002. Devem participar os cineastas italianos Gillo Pontecorvo e Sandro Silvestri, o francês Roberto Guediguian, o argentino Fernando Solanas e brasileiros como Nelson Pereira dos Santos e Roberto Faria. Segundo a coordenadora do Fórum Audiovisual, Assunção Hernandes, que se reuniu ontem no Rio com cineastas para discutir a pauta do encontro, o cinema brasileiro tem problemas semelhantes ao latino-americano, ao europeu e ao independente feito nos Estados Unidos. "Eles também discutem a diversidade cultural e têm necessidade de levar essa discussão a organismos internacionais de política econômica, como a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e Organização Mundial de Comércio (OCM), pois enfrentam problemas iguais aos nossos", disse Assunção. Segundo ela, com exceção da França, onde o cinema de Hollywood tem exibição proporcional às outras cinematrografias, inclusive a francesa, todos os países exibem em média 90% de filmes dos grandes estúdios norte-americanos e os 10% restantes vêm de outros países. "Na verdade, não encontramos salas de exibição." No caso brasileiro, ressalta Assunção, as salas de cinema são voltadas para o produto hollywoodiano e as televisões abertas ou pagas, dedicam um espaço mínimo a outras cinematografias. "Mas quando passa filme brasileiro na televisão aberta, o índice de audiência sobe, como ocorreu este ano e no ano passado, com a semana em que a "Rede Globo" exibiu só títulos brasileiros", lembrou ela. Discussão - O presidente da Riofilmes, Arnaldo Carrilho, acrescentou que a discussão sobre como exportar os filmes brasileiros deve ser absolutamente comercial. "Filme é produto industrial e deve ser vendido como serviço. Até agora, os organismos brasileiros não estão atentos a esse item", denunciou Carrilho. "Se você procurar no Itamaraty ou no Banco do Brasil dados sobre a exportação de serviços, vai encontrá-los atrasados em três ou quatro anos, sinal de que não se dá muita importância." Mas ele ressaltou que o caminho deve ter duas mãos. "Como em todo comércio, devemos exportar nossos filmes e receber os deles", alegou. "Há cinematografias importantes como a da Ásia, onde vive metade da população do mundo e onde se concentra o maior número de salas do planeta e filmes interessantes sendo feitos nos países latino-americanos. Essa troca é fundamental para a divulgação dos nossos produtos."

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