Brasil é destaque do mundo do cinema em Cannes

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Por Agencia Estado
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Euforia brasileira no 55º Festival Internacional du Film, em Cannes. O Grupo Novo de Cinema anuncia que está fazendo bons negócios no mercado do filme. Que o cinema brasileiro está tendo uma exposição extraordinária, é indiscutível. As publicações que circulam aqui no festival destinam páginas, editoriais e de publicidade à produção nacional, e imagens de alguns dos principais filmes produzidos no País nos últimos tempos são exibidas a cada duas horas num telão instalado na Croisette. A grande vitória do Brasil aqui em Cannes porém, está sendo a acolhida da crítica para "Cidade de Deus", o filme que Fernando Meirelles adaptou do livro de Paulo Lins sobre a favela carioca, recebeu uma crítica muito boa na revista "Variety", a bíblia do showbiz norte-americano. Nos quadros de cotações publicados aqui em Cannes, choveram estrelas. "L´Express" e "Telerama" gostaram apaixonadamente do filme e lhe deram três estrelas num total de quatro. "L´Humanite" ficou com duas estrelas, também num total de quatro, mas o teor da crítica é de entusiasmar. Quanto ao "Le Monde", esse sim, não refreou o entusiasmo e deu ao filme "Cidade de Deus" a cotação máxima: a efígie de uma palma dourada. Isso quer dizer que se o filme de Meirelles estivesse em competição, seria um dos favoritos do jornal para o prêmio maior do festival. Meirelles e a co-diretora Kátia Lundi recebem amanhã jornalistas de todo o mundo para almoçar no terraço do Hotel Savoy. Claro que isso faz parte de uma campanha para dar visibilidade ao filme, e está dando certo. "Cidade de Deus" está sendo a ponta mais visível do cinema brasileiro neste festival, mas o Brasil se faz presente de formas até mesmo inesperadas. Werner Herzog, cujo interesse pela Amazônia é conhecido, assina um dos episódios do filme múltiplo "Ten Minutes Older", que também está passando fora de concurso. O episódio de Herzog trata da tribo dos urieus, a última tribo que ainda permanecia à margem do contato com o homem branco em todo o mundo. É um bom trabalho do diretor e já ajudou a levantar algumas questões interessantes sobre a cultura dos índios no Brasil, mesmo que Herzog não esteja presente para polemizar, como é do seu feitio, com os jornalistas. O outro representante brasileiro na seleção oficial é "Madame Satã". O filme que Karim Ainouz fez, baseado na figura do mítico malandro da Lapa, narra a trajetória de João Francisco dos Santos antes de se transformar no lendário Madame Satã. Muito espectadores deixaram a sala durante a projeção. Entre os que ficaram até o fim não houve unanimidade, mas em compensação, quem gosta de Madame Satã ama o filme com paixão. Uma coisa é certa: é um filme difícil, por seu enfoque bastante cru do homossexualismo masculino. Tem cenas que serão consideradas até mesmo escandalosas. O Brasil, com toda essa representação aqui em Cannes, dá provas de que o cinema nacional tem força. O brasileiro já pode se identificar na tela, mas isso você já sabe. Não é por acaso que, no Brasil, a adesão do público à produção nacional aumenta a cada ano.

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