Brasil Digital começa a escolher vencedores

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Por Agencia Estado
Atualização:

Dia 16 de novembro teve início o Brasil Digital, o 1º Festival Brasileiro de Cinema na Internet, com 30 filmes concorrentes que podem ser vistos pela rede e votados por e-mail. Secretamente, os votos dos internautas vão sendo computados pela direção para, no próximo sábado, ser divulgado o melhor entre todos os filmes do festival, de todas as categorias (animação, documentário e ficção). Mas cada um dos módulos também terá o seu melhor filme, escolhidos por um júri oficial, que se reunirá pela Internet hoje, às 22h30, num chat reservado. "É uma experiência única, que acontecerá pela primeira vez no Brasil", afirma Francesca Azzi, coordenadora geral do festival. "É a primeira vez que vou me reunir com um júri pela Internet. Acho ótimo!", diz o cineasta Carlos Reichenbach, um dos membros do júri. Um festival que funciona totalmente na Internet, sem ter salas de exibição ou uma sede de verdade (o site é organizado pelos profissionais do guia virtual de mídia Justoaqui e pela Zeta Filmes), só poderia ter um júri também "virtual". Aspecto esse que estimula também o videomaker e apresentador Marcelo Tas, outro jurado do festival. "Já tinha feito parte do júri de diversos festivais de cinema e vídeo, mas nunca desse jeito", diz Tas. Ele exemplifica que "apesar de conhecer os outros jurados, nunca me encontrei com ninguém pessoalmente. É louco porque estamos cada um num canto". A diretora do Anima Mundi e também jurada Léa Beatriz Zagury, por exemplo, estará em Los Angeles. "Não teremos possibilidade de tomar um café ou uma cerveja para discutir pessoalmente sobre os curtas", conta Léa, "mas nos comunicamos por e-mail, enviando nossos comentários, concordando, discordando". Francesca está em Belo Horizonte, e o restante em São Paulo. O júri também concorda que o aspecto mais interessante do festival é o surgimento de produções exclusivas para o formato Internet. "São muitos os curtas interessantes que estão na rede. Mas o mais instigante é ver gente procurando realizar trabalhos especificamente para este tipo de mídia", diz Reichenbach. Tas concorda e acrescenta: "os documentários e ficções ainda estão muito presos ao que se costuma fazer para o cinemão, mas algumas animações foram feitas só para net, em formato Flash, o que é o mais legal do festival." Além disso, como bem destaca Léa, ainda há imperfeições no que diz respeito à velocidade das conexões para os vídeos normais, que devem ser vistos em plug-in Real Player. "Além disso, e com exceção do Flash, os programas que formatam filmes para Internet deixam muito a dever", diz ela. Assim, dá até para arriscar possíveis ganhadores na categoria Animatec, que mostra as animações concorrentes no festival: As Aventuras de El Cabron, Genoma 2020 e Luiza Vai Para o Inferno, que são os únicos deste módulo realizados em Flash, um tipo de animação para Internet construída em aplicativo especial. O primeiro curta, de Carlos Duba, é um besteirol protagonizado por um mexicano bêbado e invocado; o segundo, uma irônica história sobre como a ciência genética poderá mudar nossas vidas, dirigido por Andrés Lieban; e o terceiro, de Carlos Eduardo Nogueira, é uma bela poesia visual sobre um amor marginal. Fora essas peças - supostamente bem-cotadas pelo seu formato -, existem outros ótimos curtas nesse e em outros módulos com chances de premiação, ainda que seus orginais tenham sido feitos para serem exibidos em cinema. "Eu acho que com o passar do tempo os curtas-metragistas devem explorar esse tipo de mídia, fazendo filmes que possam ter uma linguagem adaptável ao digital", opina Tas, que faz uma ressalva. Para ele, o fator primordial para tantos jovens que fazem filmes e, conseqüentemente, distribuem na Internet, é sempre uma boa maneira de contar uma história. "Quando não há boa história, não há máquina que resolva. Por isso, mesmo com essas tecnologias tão modernas, ainda é Shakeaspeare que vale: é preciso ter o verbo, a idéia, o texto, a palavra, a emoção". Empate - Para números de Internet, o Brasil Digital teve um resultado de visitas razoável, ainda que dentro das expectativas da organização. Foram cerca de 6 mil pessoas que viram os vídeos até a última contagem na semana passada, e os votos, que são computadorizados em tempo real, contabilizaram um pouco mais de 2 mil pessoas até agora. "Não controlamos pageview (páginas visitadas), pois não somos um site comercial. Mas fazemos essa contagem para saber o interesse geral do público no festival", diz Francesca. Um balanço final de todos os números do Brasil Digital será feito depois do festival. O melhor do festival pelo voto do público, apesar de já ser apontado nos números acima, vai permanecer incógnito até sábado. "Não podemos divulgar quem está sendo mais votado, não seria correto", explica Francesca. Mesmo porque até lá mais votos podem mudar a situação. Mas parece que na escolha do júri as coisas não andam tão harmoniosas. Segundo a coordenadora, a reunião que Tas, Reichenbach, e os outros jurados terão hoje, às 22h30, tem uma questão fundamental, que é chegar num desempate. Alguns dos filmes têm sido fator de discussões on-line, resultando em empates e dúvidas quanto aos futuros ganhadores. E no próximo chat o júri vai ter que chegar a um consenso. "O debate promete ser bastante acalorado", comenta Francesca. Sorte dela que, como moderadora, será a única a acompanhar o debate que elegerá os melhores filmes do 1º Festival Brasileiro de Cinema na Internet.

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